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Desconfinamento é "claro". Já plano económico e social "é uma desilusão"

Marques Mendes deixou tanto elogios como críticas ao Governo. Para o comentador, o plano de desconfinamento é "prudente", "suave" e "alicerçado em orientações científicas", mas o plano económico e social é marcado por três "pecados capitais".

Desconfinamento é "claro". Já plano económico e social "é uma desilusão"
Notícias ao Minuto

23:42 - 14/03/21 por Mafalda Tello Silva

Política Marques Mendes

Com a primeira fase do plano de desconfinamento a arrancar segunda-feira, Luís Marques Mendes começou, este domingo, por deixar elogios à estratégia de regresso à 'normalidade' desenhada pelo Governo para país, no seu espaço de comentário semanal na SIC. 

"É um plano equilibrado, prudente, cauteloso e diferente do de 2020", defendeu o antigo líder social-democrata. 

Marques Mendes considerou também que um ponto muito positivo do plano é ser "alicerçado em orientações científicas", ainda que estas não devam ser encaradas como "uma bíblia", como por exemplo aconteceu com o caso das escolas, em que o Governo decidiu, "e bem", ir mais além das recomendações dos cientistas. 

"O Governo também foi muito eficaz na parte da Páscoa, ao proibir a circulação entre concelhos naqueles dias para evitar ajuntamentos. Ou seja, o Governo faz na Páscoa aquilo não fez e devia ter feito no Natal", denotou. 

Marques Mendes apontou ainda que o plano é "muito suave", "transparente" e "claro", com dois travões fundamentais, o factor do Rt e o número de novos casos, que permite que qualquer pessoa possa fazer uma avaliação da situação epidemiológica, a qualquer momento. "Incute confiança", acrescentou. 

Contudo, o comentador sublinhou que há riscos do plano sofrer retrocessos, sobretudo, se houver um "relaxamento e facilitismos" por parte da população, se "surgirem novas variantes" ou se houver "alguns problemas" quando se reabrirem as fronteiras, designadamente, devido à livre circulação com países cuja situação pandémica está descontrolado, como é o caso do Brasil. A campanha de testagem massiva da população, referiu ainda Marques Mendes, também tem de sair do papel para garantir o sucesso do desconfinamento.

Os três pecados capitais do plano económico e social

Ainda assim, quanto ao plano económico e social, também apresentado pelo Executivo esta semana, a opinião do antigo presidente do PSD já não é de congratulação. Para Marques Mendes, esta estratégia é "uma desilusão, ao contrário do plano de desconfinamento”.

"É baralhar, dar de novo e tem pecados capitais", defendeu o comentador deixando três alertas sobre o plano, nomeadamente, sobre as moratórias, a insuficiência dos apoios económicos diretos e sobre a burocracia e a ineficácia da máquina do Estado.

Quanto às moratórias, Marques Mendes lembrou que em setembro os pagamentos dos créditos vão ser retomados e haverá muitas empresas, sobretudo, as pequenas e médias empresas dos sectores mais atingidos da pandemia - hotelaria, restauração e comércio -, que não vão conseguir realizar estes pagamentos. Por isso, o comentador considerou que é necessário que Portugal negoceie a prorrogação das moratórias no quadro europeu, tendo em conta que não é uma decisão nacional.

Em segundo lugar, no que diz respeito à insuficiência dos apoios económicos diretos, Marques Mendes sublinhou que "são uma gota no oceano" e que, no país, representam apenas cerca de 11,2% do PIB. "Querer poupar agora vai ter consequências sérias no futuro", alertou, defendendo que, depois, como a falência de empresas, irá gastar-se muito mais em subsídios de desemprego, tudo devido a uma falta "de visão estratégica".

Por fim, sobre a burocracia e a falta de capacidade de resposta da máquina do Estado, o antigo ministro dos Assuntos Parlamentares frisou que é muito diferente a realidade apresentada sobre as medidas de apoios que são anunciadas e o dinheiro que efetivamente chega às pessoas. Para Marques Mendes, tendo em conta as muitas queixas de empresas e pessoas, é preciso resolver urgentemente o facto de ser "tudo lento, confuso e burocrático" no Estado português. 

Importa lembrar que António Costa apresentou, na passada quinta-feira, o plano de desconfinamento que os portugueses vão seguir para a reabertura das atividades no âmbito da pandemia da Covid-19. Há uma calendarização com quatro datas a reter - 15 de março, 5 de abril, 19 de abril, e 3 de maio - mas, até à Páscoa, mantém-se o dever geral de confinamento como tem vigorado.

A 'missão' a "conta-gotas", como o primeiro-ministro fez questão de referir na sua comunicação - e por diversas vezes - começa já segunda-feira, com a reabertura das creches, pré-escolar e 1.º ciclo, mas também das lojas de comércio local de bens não essenciais para venda ao postigo e livrarias, cabeleireiros, barbeiros e manicures. Também reabre o comércio automóvel e a mediação imobiliária. 

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