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João Ferreira: "Candidatura que assumo é e será um espaço de luta comum"

Militante comunista apresentou, esta quinta-feira, a sua candidatura à presidência da República.

João Ferreira: "Candidatura que assumo é e será um espaço de luta comum"
Notícias ao Minuto

18:29 - 17/09/20 por Notícias Ao Minuto com Lusa

Política João Ferreira

João Ferreira apresentou, esta quinta-feira, a sua candidatura à presidência da República. No seu discurso, o comunista começou por referir que "a candidatura que assumo e hoje, aqui, apresento, é e será um espaço de luta comum da juventude, dos trabalhadores, do povo"

"É minha e é vossa, é nossa. Assumo-a com honra, com determinação, com a consciência da responsabilidade e do dever", prosseguiu, afirmando que se trata de uma candidatura a "um órgão de soberania unipessoal, apoiada num grande, generoso e combativo coletivo, o Partido Comunista Português", agradecendo a "confiança demonstrada".

Nesta eleição, frisou João Ferreira, "dirijo-me a todos e a cada um, independentemente das escolhas eleitorais que fizeram no passado". "Aos que vivem do seu trabalho e que sentem que com o seu empenhado esforço poderiam viver melhor se fosse outra, mais justa, a repartição da riqueza que criam. Às mulheres, penalizadas por múltiplas desigualdades, discriminações e violências, no trabalho, na família e na sociedade. Aos jovens que não abdicam do direito a serem felizes, aos reformados e idosos que aspiram a uma vivência gratificante no plano pessoal e social, depois de uma vida de trabalho", elencou o candidato. 

"Esta candidatura apela à força que há em todos, em cada um de nós. Assumam-na como vossa", reiterou. "Façamos desta parte da luta pela mudança que desejamos para as nossas vidas, da mudança que Portugal precisa"

O candidato comunista declarou também que "em Portugal e no Mundo vivemos um tempo invulgar, exigente, complexo", devido à Covid-19 que, "além de nos confrontar com questões novas, agravou consideravelmente velhos problemas".

"Os efeitos da pandemia são inseparáveis da formação socioeconómica em que se produzem. No capitalismo, que tudo mercantiliza, incluindo a saúde e a doença, milhões de seres humanos são empurrados para uma situação de vulnerabilidade extrema. As dificuldades são instrumentalizadas para atacar direitos e impor retrocessos", considerou durante o discurso. "O medo é exacerbado e manipulado para restringir direitos e liberdades". 

Para João Ferreira, "a pretexto do combate ao vírus e da garantia de uma alegada segurança" foram impostos "estados de emergência que nada tinham a ver com a observância de normas que a população já cumpria" mas sim "visavam restringir o protesto e a luta contra os abusos, os aproveitamentos dos que querem continuar a enriquecer à custa da exploração dos trabalhadores"

O racismo, a extrema-direita e o fascismo, nas palavras do candidato presidencial, "são normalizados e mesmo abertamente promovidos, a partir de alguns dos principais centros de poder económico e dos seus prolongamentos políticos e mediáticos". 

Portugal "carrega sérios problemas estruturais" que João Ferreira disse considerarem ser "consequência de décadas de política de Direita, que a situação atual expõe com grande nitidez", dando como exemplos a "desvalorização do trabalho e dos trabalhadores", bem como dos "salários e dos direitos", as "acentuadas desigualdades na distribuição da riqueza" e a "prolongada fragilização de setores produtivos nacionais". 

Apontou ainda uma "falta de investimento no Serviço Nacional de Saúde" e o "desvio de recursos para sustentar os grupos privados que lucram com a doença", assim como uma "falta de investimento na escola pública em todos os graus de ensino, que é tão visível neste regresso às aulas" e "a desvalorização da cultura, das artes e do património", "os crescentes desequilíbrios territoriais", "a promiscuidade entre o poder político e o económico que alimenta a corrupção".

A esta 'lista' acrescentou ainda "os problemas da Justiça", "a desvalorização da segurança dos cidadãos", a "perversão da missão constitucional das Forças Armadas" e a "submissão do país a políticas da União Europeia contrárias ao interesse nacional"

"O problema nunca foi o carácter progressista e avançado do regime democrático que emergiu da Revolução de Abril, o problema é e tem sido sempre a ação e omissão de Governos e Presidentes da República - incluindo os atuais - convergindo no bloqueio da plena concretização do projeto vertido no texto constitucional", advogou. 

Esta "nossa candidatura", como disse o eurodeputado, "assume sem rodeios um objetivo fundamental: defender, aprofundar e ampliar o regime democrático consagrado na Constituição, fortalecer as suas raízes na sociedade portuguesa". "Esta é uma questão central do tempo que vivemos e, também por isto, a próxima eleição do Presidente da República se reveste de uma óbvia importância". 

Ataque a Marcelo Rebelo de Sousa

No discurso houve ainda palavras para Marcelo Rebelo de Sousa, com João Ferreira a considerar que "é notório que o atual Presidente da República está empenhado numa rearrumação de forças políticas, assente no branqueamento da política de direita e dos seus executores" e "promovendo a sua reabilitação na forma da chamada política de Bloco Central, formal ou informalmente assumida, que marcou o país ao longo das últimas décadas". 

Para o comunista, a sua "candidatura é também uma manifestação de confiança no povo português. Confiança na mobilização de vontades de quantos aspiram e acreditam que é possível uma vida melhor e mais justa. Podem encontrar nesta candidatura um espaço de convergência".

Candidato de Abril e não a "percentagens eleitorais" 

O eurodeputado apresentou a sua candidatura a Presidente da República pelo PCP em nome dos "valores de Abril" como um "espaço de convergência" e recusou fixar metas ou percentagens para as eleições. "Sou candidato a Presidente da República, não sou candidato a percentagens eleitorais", afirmou o deputado ao Parlamento Europeu que o PCP apresentou e apoia às presidenciais de 2021, questionado pelos jornalistas sobre qual a meta a atingir ou se consideraria uma derrota ficar atrás de André Ventura, o pré-candidato mais à direita.

A apresentação da candidatura comunista aconteceu na Voz do Operário, em Lisboa, perante cerca de duas centenas de simpatizantes, militantes e dirigentes, entre eles dois ex-candidatos presidenciais que chegaram à liderança do partido, Carlos Carvalhas e Jerónimo de Sousa, o atual secretário-geral.

De lembrar que, a seis meses do fim do mandato do atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, são já oito os pré-candidatos ao lugar de Marcelo Rebelo de Sousa. São eles o deputado André Ventura (Chega), o advogado e fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan Gonçalves, o líder do Partido Democrático Republicano (PDR), Bruno Fialho, a eurodeputada e dirigente do BE Marisa Matias, a ex-deputada ao Parlamento Europeu e dirigente do PS Ana Gomes, Vitorino Silva (mais conhecido por Tino de Rans), o ex-militante do CDS Orlando Cruz e o eurodeputado do PCP João Ferreira.

[Última atualização às 19h35]

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