Na intervenção que fez esta manhã na abertura da Comissão Nacional do PS, a primeira desde que foi eleito secretário-geral do partido, José Luís Carneiro considerou que o Governo da AD "interpretou mal os resultados eleitorais" porque "quatro em cada cinco eleitores votaram contra o populismo e contra o extremismo", recordando aquilo que Luís Montenegro disse sobre os populistas "destrutivos da democracia".
O líder do PS contestou que, "no primeiro movimento que fez no parlamento", o Governo da AD tenha ido para os "braços da extrema-direita", referindo-se às alterações à lei da imigração e da nacionalidade.
"Quem votou na AD, fê-lo com a expectativa de que governaria sem a bengala da extrema-direita", argumentou.
Na opinião de Carneiro, "era de esperar que as primeiras iniciativas do Governo" fossem para resolver os problemas das pessoas e solucioná-los na área da saúde, habitação, agricultores ou apoio às empresas. "Os sinais vindos do Governo não são nada animadores", acrescentou.
"Mas entre os problemas reais e os problemas virtuais, o Governo preferiu os problemas virtuais porque os problemas virtuais permitem-lhes dizer que ao fim de oito meses fizeram mais do que os governos do PS durante oito anos", sustentou.
Para o líder do PS, "é fácil resolver os problemas virtuais, mas é muito difícil dar resposta aos problemas reais das pessoas".
"Essa é a razão pela qual o Governo entrou com os problemas virtuais e falhou aos problemas reais das pessoas na primeira aparição pública no Parlamento", condenou.
Segundo Carneiro, a proposta que o Governo apresentou na Assembleia da República mistura "nacionalidade com imigração e com criminalidade" e "mostra a leviandade com que o Governo trata assuntos tão importantes para a vida" do país.
"Felizmente que o Presidente da República chamou a atenção para a importância de tratar destes assuntos com inteligência, com ponderação. E o Governo, por último e à última, ouviu a voz do PS e permitiu que passasse à especialidade sem votação na generalidade, estes temas tão sensíveis que mostram quem defende os valores da Constituição, quem está contra eles, quem defende o humanismo e quem está contra o humanismo na resposta às questões complexas da nossa sociedade", disse.
[Notícia atualizada às 14h32]
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