Mensagem de Ano Novo de Merkel deixa (sério) recado à Alemanha
A chanceler alemã, Angela Merkel, considera que é do interesse da Alemanha assumir mais responsabilidades à escala mundial, numa altura em que o multilateralismo é alvo de ataques regulares.
© Reuters
Política Oficial
Na mensagem de Ano Novo, que será transmitida esta segunda-feira, mas da qual o gabinete da chanceler divulgou um extrato, Angela Merkel refere que as antigas certezas em torno da cooperação internacional são postas à prova cabendo à Alemanha "argumentar e debater-se pelas suas próprias convicções".
Nenhum dos desafios globais, como as alterações climáticas, as migrações ou a luta contra o terrorismo podem ser resolvidos por um país isoladamente, advertiu.
"Para o nosso próprio interesse, queremos responder a todas essas perguntas, e podemos fazer isso melhor se tivermos em conta os interesses dos outros", sustenta a chanceler numa mensagem que será transmitida segunda-feira, às 18h00 locais.
"Esta é a lição das duas guerras mundiais do século XX", sustenta, ao mesmo tempo que considera que "as certezas da cooperação internacional foram postas à prova".
"No nosso interesse, devemos [a Alemanha] assumir mais responsabilidade", defende.
Segundo a chanceler, a Alemanha, que ocupará um lugar como membro não-permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2019 e 2020, fará campanha por "soluções globais".
Angela Merkel compromete-se, igualmente, a aumentar a ajuda humanitária para o desenvolvimento assim como o orçamento para a defesa.
Embora não mencione o Presidente norte-americano nesta alocução, Merkel demarca-se das críticas de Trump ao multilateralismo.
Na assembleia-geral da ONU, em setembro, o Presidente norte-americano rejeitou a ideologia do multilateralismo, afirmando preferir a "doutrina do patriotismo".
Poucos dias depois, a chanceler alemã reagiu advertindo contra a tentação de "destruir" o multilateralismo, inclusive as Nações Unidas.
Ângela Merkel, há 13 anos chefe do governo alemão, anunciou no final de outubro que não é candidata a um novo mandato na liderança do partido conservador alemão União Democrata-Cristã (CDU, centro-direita), mas que se mantém na chefia do governo até ao fim do atual mandato (2021).
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