Joana Reais Pinto e a Associação Salvador vão ‘cantar’ a uma só voz, amanhã, quinta-feira, no Teatro da Trindade, pelas 21h30. Joana perdeu a perna esquerda aos 22 anos, quando foi colhida por um comboio, mas os sonhos não ficaram adiados, bem pelo contrário. Esta subida ao palco é mais uma prova da sua superação.

A viver no Brasil, mais precisamente em São Paulo, a jovem estudou Design e Jazz e hoje dedica-se a tempo inteiro à música, sendo que o seu primeiro álbum de originais deverá surgir ainda este ano.

Em conversa com o Notícias ao Minuto, Joana e Salvador recordam que a sua relação já dura há “oito ou nove anos”, altura em que a cantora participou numa das edições do programa Salvador, na RTP 1.

Depois disso, a empatia deu lugar à amizade e, agora, um projeto em comum. “A Associação Salvador já andava há um tempo a falar comigo, andávamos a namorar esta possibilidade de fazermos um concerto e de me convidarem para dar voz a esta causa. As agendas bateram certo este ano em que a Associação comemora 15 anos de atuação e pareceu-nos que era um óptimo arranque para 2018”, explicou Joana.

As expectativas estão muito altas, entre elas o dueto com Maria João, mas também o espaço do espetáculo - Teatro da Trindade - que lhe diz muito em termos pessoais. Mas há mais, e espera-se uma “casa cheia de amigos”, num momento em que é possível ouvir um novo talento e ajudar a Associação Salvador.

Concerto de Joana Reais e Associação Salvador© Associação Salvador

Quem é Joana Reais?

Joana Reais é apaixonada por música, de tal forma que não consegue lembrar-se de quando começou este gosto. “Sempre cantei, falei, sempre fui uma matraca. Eu era a criança que fazia espetáculos, sempre me expressei através das artes”, contou, revelando que o apoio de familiares e amigos sempre esteve presente.

Joana Reais sofreu um grave acidente com um comboio aos 22 anos© Notícias ao Minuto / Blas Manuel

Porém, aos 22 anos, quando ia em busca de mais um sonho com um curso de Jazz em Amesterdão, um acidente com um comboio mudou a sua vida.

Questionada sobre se há uma Joana antes e depois do acidente, o sorriso que lhe é característico vem ao de cima e a resposta surge de forma suave. “Corri risco de vida, sofri uma bi-amputação e a vida como a conhecia foi transformada. Houve muitas alterações dramáticas e um sem número de cirurgias, há uma limitação de mobilidade que eu sinto diariamente, por isso seria muito hipócrita dizer 'não, foi giríssimo e não mudou nada'”, contou.

Mas é aqui que surge a forma positiva e animada com que olha para a vida e para a música. “No meio do azar, reparem na minha sorte: eu continuo a poder cantar. Se eu fosse uma atleta de alta competição ou outra coisa que implicasse mais os membros inferiores, creio que ficaria mais triste ou talvez o luto tivesse sido diferente. De repente, eu preciso do tronco e o tronco está todo aqui”, relembrou a cantora.

Assumindo a “dose de ingenuidade” por nunca ter acreditado que o sonho estava adiado, recordou que pediu aos amigos para levarem CDs e instrumentos para o hospital, já que estar longe da música não era opção.

E assim foi. Joana cresceu com a sua música e a sua música cresceu consigo. Neste momento encontra-se a viver no Brasil, já que a música do país irmão sempre foi uma influência. Num futuro próximo irá gravar o seu primeiro álbum de originais.