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Gestação de substituição. "Crianças serão amadas muito antes de nascerem"
A gestação de substituição vai avançar e Eurico Reis, presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, defende a importância deste passo. “As pessoas passam a ser mais donas do seu destino”.
© iStock
País Eurico Reis
O Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida deu luz verde para se avançar com a gestação de substituição em Portugal. Já há mais de 100 declarações de intenção mas os pedidos concretos são poucos até agora, algo que deverá mudar depois deste derradeiro passo.
“Os números estão dentro das minhas expectativas. Acredito que agora dessas mais de 100 declarações de intenções passemos a mais pedidos concretos”, afirmou à SIC Notícias Eurico Reis, líder do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida.
O tema continua a gerar controvérsia e uma divisão de opiniões na sociedade portuguesa.
“Este é um procedimento complexo e que mexe com muitas ideias que as pessoas têm sobre o que deve ser o nascimento e a constituição da família e portanto é normal que as pessoas tenham conceções ideológicas diferentes e que se sintam assustadas com isto. Até aí tudo bem. Mas o que me entristece muito é que as pessoas esqueçam que estamos a lidar com os nossos irmãos e irmãs, pessoas que querem ter filhos e não conseguem”, sublinhou o juiz desembargador, que lamenta que muitas pessoas só vejam os problemas.
“Eu gostaria que houvesse mais 'problem solvers' para os problemas que existem e não os outros, que só olham para a parte negativa e ainda inventam problemas”, disse. Para Eurico Reis, a gestação de substituição tem vários aspetos positivos.
“As pessoas passam a ser mais donas do seu destino e isso é extremamente importante. E a noção de que a família é acima de tudo um campo de afetos e não propriamente um jogo de interesses ou até uma limitação do sangue”, defendendo que o amor por estas crianças começa muito antes do processo da gestação.
“As crianças que vão nascer fruto destes tratamentos são pessoas que já vão ser amadas muito antes do serem geradas e de nascerem. As famílias onde as crianças são amadas são as desejadas. Como juiz, que já leva 36 anos de carreira, onde vi coisas atrozes e horríveis foi no seio das famílias que são consideradas normais”.
Questionado sobre o facto de os casais de homens ainda não estarem abrangidos pela gestação de substituição, Eurico Reis refere que esse terá de ser o passo seguinte.
“A consciência social dos portugueses só nos permite chegar até aqui. Vamos primeiro consolidar esta experiência e depois vamos pensar noutras coisas”.
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