"Nas situações difíceis há sempre escolha. A minha é esta: digo não"
José Sócrates recusou a pulseira eletrónica, podendo assim manter-se em prisão preventiva. Numa carta onde justifica a sua decisão, o ex-primeiro-ministro fala numa “furiosa campanha mediática de denegrimento e de difamação” levada a cabo contra si.
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País José Sócrates
José Sócrates avançou esta tarde de segunda-feira com a sua decisão face à proposta do Ministério Público de alterar a medida de coação que lhe foi aplicada há seis meses – prisão preventiva – para prisão domiciliária com pulseira eletrónica.
O ex-líder socialista, detido no âmbito da Operação Marquês, optou por não aceitar a medida de vigilância efetuada através de pulseira eletrónica.
A decisão foi comunicada por carta, divulgada na íntegra pela TSF e SIC Notícias. Na missiva, o ex-primeiro-ministro revela que não ignora, nem pactua, “com a utilização da prisão domiciliária com vigilância eletrónica como instrumento de suavização, destinado a corrigir erros de forma a parecer que nunca se cometeram”.
“Estas ‘meias-libertações’ não têm outro objetivo que não seja disfarçar o erro original e o sucessivo falhanço: depois de seis meses de prisão, nem factos, nem provas, nem acusação”, acrescenta, revelando indignação e revolta para com a sua detenção, que considera "infundada".
Na mesma missiva, o ex-governante descreveu a sua situação como “uma enorme e cruel injustiça” e “uma furiosa campanha mediática de denegrimento e de difamação, permitida, se não dirigida, pelo Ministério Público”.
José Sócrates deixa ainda claro que tomou a decisão de recusar o uso de pulseira eletrónica (arriscando, mediante decisão do juiz, continuar em prisão preventiva) após longa “meditação”, sabendo que acarretará “sacrifício pessoal” e sacrifício para a família e para os amigos, “que têm suportado esta inacreditável situação com uma extraordinária coragem”.
“Todavia, o critério de decisão é simples - ela tem que estar de acordo com o respeito que devo a mim próprio e com o respeito que devo aos cargos públicos que exerci. Nas situações mais difíceis há sempre uma escolha. A minha é esta: digo não”, termina.
Face a esta recusa de Sócrates há dois cenários possíveis: ou mantém-se em prisão preventiva por mais três meses no Estabelecimento Prisional de Évora ou fica preso na sua habitação que será vigiada através de um dispositivo policial. Caberá ao juiz Carlos Alexandre decidir.
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