Buraco nas contas leva a exonerações na Santa Casa. Eis o que se sabe
A procuradora e restante equipa da mesa da instituição foram exonerados, na segunda-feira, pelo Governo de Luís Montenegro, por serem considerados "incapazes" de resolver os "graves problemas financeiros da SCML.
© Global Imagens
O Governo exonerou, na segunda-feira, todos os membros da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), liderada por Ana Jorge, por considerar que a equipa foi "incapaz de enfrentar os graves problemas financeiros operacionais da instituição, o que poderá a curto prazo comprometer a fundamental tarefa de ação social que lhe compete".
De acordo com um comunicado partilhado no site da Santa Casa, a decisão, que tem efeitos imediatos, foi tomada devido à "incapacidade da Mesa de tomar ações decisivas" para inverter a grande crise financeira que a instituição atravessava mesmo antes de Ana Jorge tomar posse, há cerca de um ano.
Na mesma nota o Governo enumerou "várias situações" que sustentaram a decisão de exoneração, entre os quais que não foi apresentado "um plano estratégico ou de reestruturação para fazer face às fortes quebras sentidas pela diminuição das receitas provenientes dos Jogos Sociais", a principal fonte de rendimento da instituição.
Segundo o Executivo, a equipa cessante, liderada por Ana Jorge, foi ainda incapaz de resolver "eficaz e celeremente a exposição à atividade internacional ruinosa da SCML, designadamente através da SCML Global" e "instada a prestar informação solicitada pela tutela, demonstrou incapacidade de o fazer em tempo".
Apesar disso, o Governo garante que a Santa Casa vai continuar "apoiar os mais vulneráveis" como tem feito "desde que foi fundada", o que acreditam estava a ser “comprometido” pela mesa cessante, "bem como a anterior”, por "não garantirem que a respetiva gestão pautava pelo grau de diligência, rigor e transparência que são devidos pelo interesse público".
A decisão do Governo foi tomada depois de Ana Jorge ter estado reunida com a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, e de o jornal Público ter dado conta que a instituição chegou ao final de 2023 com resultados líquidos positivos de 10 milhões de euros, mas que o Governo pretendia, na mesma, uma reestruturação urgente.
Para este ano está prevista uma injeção financeira na instituição de 40 milhões euros.
Recorde-se que a Santa Casa da Misericórdia foi investigada devido a suspeitas relacionadas com os investimentos no estrangeiro e chegou mesmo a ser alvo de uma auditoria. Contudo, a Mesa agora exonerada terá ordenado que todas as operações fossem concluídas.
Na altura, a forma como a provedora Ana Jorge conduziu este processo foi alvo de várias críticas, entre os quais do antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, que acusou a atual administração da instituição de estar apostada em desacreditar e denegrir a anterior gestão, além de construir falsas narrativas sobre o projeto de internacionalização.
PS e IL querem ouvir Ana Jorge no Parlamento
Entretanto, os partidos já começaram a reagir à exoneração de Ana Jorge e restante equipa.
O Partido Socialista (PS) vai requerer a audição parlamentar urgente de Ana Jorge e da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social para explicar a decisão do Governo, de exonerar a administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
De acordo com uma fonte do partido, citada pela Lusa, o objetivo deste pedido é que sejam prestados todos os esclarecimentos no parlamento.
Também a Iniciativa Liberal (IL) quer ouvir "com caráter de urgência", a ministra Maria do Rosário Palma Ramalho, devido ao “quadro financeiro” da Santa Casa de Lisboa e à necessidade "de uma profunda reestruturação" da instituição.
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