Trabalhadores da Santa Casa queixam-se de falta de apoio contra agressões
Trabalhadores de ação social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa queixam-se de sofrerem cada vez mais agressões por utentes no âmbito do seu trabalho, sem que a Santa Casa os apoie nas queixas judiciais.
© Reuters
País Utentes
Esta queixa foi admitida publicamente por alguns funcionários da Santa Casa, que hoje se manifestaram frente à sede da instituição, em Lisboa, e confirmada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais.
"Semanalmente acontecem agressões, principalmente nos dias em que a Santa Casa faz os pagamentos. Há uns que estão a contar receber mais e, por motivo de não receberem mais, agridem quem está ali. Agridem o trabalhador, que não tem culpa", afirmou o sindicalista Paulo Soares.
De acordo com o sindicalista, "a Santa Casa sabe que o trabalhador foi agredido", mas não o apoia e tem de ser o funcionário "a pagar do seu bolso os custos da queixa e eventuais necessidades de advogados e de processos em tribunais".
"O que nós defendemos é que a Santa Casa é que deveria fazer queixa e patrocinar a defesa desse trabalhador com advogados, porque isso [a agressão] aconteceu no exercício da suas funções", salientou Paulo Soares, realçando que apenas "a assistência hospitalar [do trabalhador agredido] é coberta, porque é como se fosse um acidente de serviço".
O tema fez parte da série de queixas dos funcionários que hoje protestaram frente à sede da instituição e que tiveram microfone aberto para cada um falar dos motivos que o levou ao protesto.
"Trabalhamos em situações de risco, com utentes muito complicados, situações de saúde mental, proteção de crianças e de famílias e, muitas vezes, estamos sujeitas a situações de agressão pelo utente, dentro do gabinete e isso é abafado. Não nos permitem chamar a polícia e, se quisermos fazer queixa, tem que ser em nome individual, não como técnicos da Santa Casa", criticou uma funcionária que preferiu manter o anonimato.
Outra trabalhadora de ação social, que também falou publicamente mas preferiu não dizer o seu nome à agência Lusa, acrescentou que as situações de agressão a técnicos são cada vez mais frequentes.
"Com os cortes a nível governamental, as pessoas estão cada vez mais em situação de desproteção e de 'stress' e voltam-se contra os técnicos" porque são quem dá a cara, salientou, acrescentando que os técnicos "não são protegidos por isso e os utentes não são chamados à atenção".
Os trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) realizaram hoje a primeira greve da instituição para exigir atualização de salários e melhores condições de trabalho.
Segundo os sindicatos, a greve levou ao encerramento de vários equipamentos e deixou outros a realizar apenas serviços mínimos, mas a SCML afirmou ter registado uma adesão de 12,76%, representando 654 funcionários de um total um pouco superior a cinco mil.
Questionado sobre o assunto, o vogal da Santa Casa Ricardo Alves assegurou que nunca ouviu falar desses casos.
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