"Neste momento julgo que é extemporâneo porque nós temos que funcionar com o modelo que temos. Não é o momento para estarmos a discutir esse modelo e, portanto, no seu tempo, que será no final deste dispositivo, com certeza que todos iremos ter a disponibilidade máxima para, de acordo com os contributos de alguns e ouvindo também muitas opiniões, de decidirmos naquela que é a solução do Governo para essa organização", afirmou Rui Rocha.
O governante falava aos jornalistas, em Vila Real, onde se reuniu com as corporações de bombeiros e com o presidente da câmara e depois de ouvir o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, reafirmar que defende uma reorganização do modelo da Proteção Civil para comandos distritais, em vez dos atuais comandos sub-regionais.
"Ainda temos várias ocorrências, ainda hoje mais uma série delas. E, portanto, neste momento e até ao final do dispositivo, nós temos de estar empenhados e focados em dar a melhor e a maior resposta possível", realçou o secretário de Estado.
Rui Rocha lembrou ainda que a reorganização do modelo da Proteção Civil está no programa do Governo, mas reforçou que a discussão é extemporânea.
"Apesar de, como tem sido referenciado, nem tudo está a acontecer como gostaríamos, é de facto de realçar que este dispositivo tem dado respostas muito positivas", frisou.
Chegado o tempo, acrescentou, será feita essa avaliação e com certeza que o Governo "irá atuar".
"Nós não descansaremos enquanto não convencermos o atual Governo de que essa é uma boa solução e uma melhor solução para a defesa das nossas populações", afirmou, por sua vez, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, referindo-se à antiga organização por comandos distritais.
O secretário de Estado iniciou hoje em Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo, e em Vila Real, um périplo por concelhos afetados por grandes incêndios para anunciar a agilização do pagamento de 50 mil euros às corporações de bombeiros por enfrentarem "despesas extraordinárias".
"Ou seja, no que diz respeito designadamente à alimentação e a combustíveis, que são dois dos elementos muito significativos no teatro de operações, e também até na agilização de alguns processos de reparação de viaturas para que, no mais curto espaço de tempo, possam ser ressarcidos e, portanto, não ter também, desse ponto de vista, nenhum obstáculo àquilo que é a sua normal atividade", explicou.
Rui Rocha fez questão de garantir às corporações "mecanismos agilizados para que possa ser feito o ressarcimento dessas despesas o mais rapidamente possível" pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Para a Liga dos Bombeiros Portugueses, esta medida é uma "inovação" que permite às corporações "socorrerem-se de um fundo de maneio que têm que justificar 'a posteriori', apresentando a documentação necessária".
António Nunes referiu ainda que o governante, na reunião em Vila Real, garantiu que, "a curto prazo, a primeira intervenção deve ser o mais profissionalizada possível".
O presidente da ANEPC, José Manuel Moura, também esteve presente nas reuniões de hoje.
O presidente da Câmara de Vila Real, Alexandre Favaios, falou sobre a necessidade de, numa fase posterior ao combate aos incêndios, se fazer "uma avaliação profunda" sobre o que correu menos bem, nomeadamente no seu concelho, onde o fogo teve início em 2 de agosto, esteve em conclusão, sofreu reativações fortes e foi concluído no dia 13, depois de queimar cerca de 6.000 hectares.
O autarca defendeu alterações, nomeadamente em termos legislativos, mas também alterações ao nível da política de ordenamento do território.
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