"Naquilo que são os nossos meios na sub-região, em termos de supressão, mantemos os mesmos meios. Não houve incremento, nem houve um decréscimo de meios" para combate a incêndios, disse à agência Lusa o comandante Sub-regional de Emergência e Proteção Civil do Médio Tejo, que abrange 11 concelhos do distrito de Santarém.
David Lobato falava na apresentação do DECIR 2025, que decorreu em Vila Nova da Barquinha.
O dispositivo operacional do Médio Tejo vai contar na fase mais crítica com cerca de 620 operacionais, 250 viaturas e dois meios aéreos permanentes, num total de 22 meios aéreos adstritos às sub-regiões adjacentes, além de três máquinas de rasto.
Conta ainda com o apoio de meios humanos e materiais de várias entidades, como o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS)/GNR, Afocelca - empresa de Proteção Florestal vocacionada para o combate a incêndios rurais e municípios, a par das novas tecnologias, com sistemas de apoio à decisão por georeferenciação e acompanhamento em tempo real das condições do vento e do terreno.
David Lobato lembrou que, aos mais de 600 operacionais na fase Delta, de 01 de julho a 30 de setembro, "a sub-região tem cerca de 900 bombeiros no quadro ativo e que são também mobilizáveis, se houver essa necessidade" de apoio.
Para o comandante operacional, os meios que integram o dispositivo de combate no Médio Tejo "são os suficientes" para o território que abrange.
Contudo, explicou que, este ano, o número total de equipas, elementos e veículos "é menor do que em 2024" porque "os meios de vigilância e deteção", que não de combate, "passam a constar em diretiva própria da GNR" e não da proteção civil.
"A análise que foi feita é que estes meios são suficientes para aquilo que é o nosso histórico e mantemos os mesmos homens, os mesmos meios de combate e não alterámos a dinâmica", afirmou, destacando que o dispositivo assenta em premissas que se vão manter, como "o pré-posicionamento de meios", a "monitorização permanente", uma "deteção precoce" e o "despacho imediato e musculado de meios" para ataque a um incêndio em fase inicial.
O comandante operacional lembrou ainda que, do total de 237 ignições na sub-região em 2024, apenas sete não foram debeladas numa fase inicial e resultaram numa maior área ardida.
"No ano passado tivemos 237 ignições e 97% de eficácia, com sete incêndios a ultrapassarem os 90 minutos, período em que passa a ataque ampliado. Nós tentamos sempre colocar o máximo daquilo que é capacidade de combate na fase inicial", declarou, acrescentando que um incêndio "começa sempre pequeno", pelo que, se os meios estiverem lá, conseguem "apagá-lo rapidamente".
David Lobato apontou muitas causas de incêndio a fatores externos que os bombeiros não conseguem controlar, como atos de negligência ou o incendiarismo.
"No ano passado tivemos 237 ignições, das quais 50% foram intencionais e isso é um problema. Nos sete maiores incêndios, as causas foram intencionais e resultaram na maior área ardida", notou, tendo referido que essa questão está na esfera das autoridades policiais.
Por outro lado, a proteção civil e os municípios estão a trabalhar para minimizar as causas negligentes e, como tal, reduzir o número de ignições, afirmou.
O responsável referiu ainda existirem melhorias no dispositivo relativamente a 2024, como a "proximidade e reforço de sinergias com o patamar municipal", a "utilização de caldas retardantes em meios aéreos", a "otimização de recolha de dados aéreos através de imagens multiespectrais" e a "digitalização dos processos associados ao Posto de Comando Operacional".
O comando sub-regional do Médio Tejo abrange os concelhos de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.
Leia Também: Proteção Civil alerta para aumento da temperatura e risco de incêndios