Migrantes "não são um problema" e devem ter "resposta solidária"

O arcebispo espanhol Joan-Enric Sicília disse hoje que os migrantes não são um problema, mas um sinal dos tempos que exige uma resposta solidária, e que o seu acolhimento não é uma opção política, antes uma exigência evangélica.

Igreja católica terço religião rezar

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Lusa
12/08/2025 23:40 ‧ há 2 horas por Lusa

País

Joan-Enric Sicília

"Os migrantes não são um problema, são um sinal dos tempos que exige uma leitura evangélica e uma resposta solidária", afirmou Joan-Enric Vives i Sicília, na homilia da peregrinação internacional de 12 e 13 de agosto, que integra a peregrinação nacional do migrante e do refugiado.

 

Lembrando que "todos os dias, homens, mulheres e crianças atravessam fronteiras em busca do mesmo" que todos desejam, como "paz, trabalho, segurança e um futuro melhor", o prelado reconheceu que, "muitas vezes, o que encontram é suspeita, rejeição ou indiferença".

Para o arcebispo emérito de Urgel, de que faz parte o Principado de Andorra, onde serviu a comunidade emigrante portuguesa, "acolher migrantes não é uma opção política", mas uma "exigência evangélica" que "significa defender a dignidade sagrada de cada ser humano".

Desafiando os fiéis a empenharem-se na defesa dos direitos humanos dos migrantes, "o direito de deixar o seu país por necessidade ou em busca de liberdade, o direito a ser tratado com dignidade em qualquer fronteira, o direito a fazer parte de uma sociedade que não exclui, mas acolhe e integra", o presidente da peregrinação salientou que acolhimento "não se trata apenas de caridade, mas também de justiça".

"A verdadeira fé leva-nos a construir pontes, e não muros. (...) Devemos sempre estender a mão, não fechar os olhos", pediu.

Antes, recuou aos acontecimentos na Cova da Iria, em 1917, em plena I Guerra Mundial, e à "mensagem de conversão, paz e esperança" da Virgem de Fátima.

"Hoje, mais de um século depois, as suas palavras continuam relevantes, porque o mundo ainda está ferido por guerras, divisões, fome e pela tragédia do êxodo de tantos irmãos e irmãs migrantes em busca de um lugar para viver com dignidade", disse Joan-Enric Vives i Sicília.

Perante milhares de peregrinos, 60 mil segundo estimativas do santuário, recordou que "a História portuguesa está marcada por uma e longa história de emigração".

"Durante décadas, milhares partiram em busca de melhores condições de vida. Hoje, Portugal acolhe muitos que aqui chegam com os mesmos sonhos. Somos, pois, chamados à coerência histórica e evangélica", defendeu.

O arcebispo, que foi coprincípe de Andorra, lembrou ainda as palavras do Papa Francisco (1936-2025), segundo o qual a atitude cristã face à migração deve incluir quatro verbos, precisamente "acolher, proteger, promover e integrar", que "são um verdadeiro programa pastoral, social, político, religioso, humano" e "devem estar presentes na mente e no coração de todos", incluindo "nos membros das instituições sociais e religiosas".

"As migrações são uma fonte de renovação comunitária e uma oportunidade de crescermos em humanidade, como um caminho de fraternidade", acrescentou, pedindo à Virgem de Fátima que faça das pessoas instrumentos de paz, defensoras da dignidade humana e semeadoras de esperança entre os migrantes.

A peregrinação internacional de agosto, também conhecida como a peregrinação dos emigrantes, termina na quarta-feira, com as cerimónias religiosas a iniciarem-se com a procissão eucarística, às 07:00, e, duas horas depois, o terço, na Capelinha.

Segue-se a missa, com a bênção dos doentes e a procissão do adeus, que encerra a peregrinação, na qual se cumpre a tradição da oferta de trigo.

De acordo com informação do Santuário de Fátima, em 2024, foram oferecidos 5.605 quilogramas de trigo e 352 quilogramas de farinha, e consumiram-se no templo "22.105 hóstias médias e grandes, aproximadamente 779.000 partículas e 460 partículas para celíacos".

Leia Também: "Um xenófobo não pode ser um verdadeiro cristão", diz arcebispo espanhol

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