Numa carta aberta divulgada por um dos 67 signatários, estes indicam que a sua posição é "de total recusa e repúdio pelo caminho da guerra que está a ser seguido pela UE e por todos os blocos políticos e militares".
As organizações não-governamentais (ONG) declaram-se "preocupadas com o quase consenso partilhado (salvo raríssimas exceções) entre a maioria das forças políticas e das pessoas com espaço de comentário nos diferentes meios de comunicação social (...) sobre um caminho de investimento público centrado na projetada inevitabilidade de um conflito militar que propõe, sem o dizer claramente, um sacrifício das já depauperadas políticas sociais existentes".
Assim pedem que o assunto seja debatido a nível nacional e europeu, acrescentando querer contribuir para a discussão.
Na carta é recordada a apresentação em março pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do Livro Branco sobre a Defesa Europeia e o plano ReArm Europe/Prontidão 2030, que proporciona "instrumentos financeiros aos Estados-membros da UE para fomentar o investimento nas capacidades de defesa".
Assinalando as organizações que na apresentação do documento, que "usa um vocabulário determinista sobre ameaças externas a uma fronteira europeia cada vez mais hermética e sobre uma estratégia de conquista da 'paz pela força'", Von der Leyen afirmou que "a era do 'dividendo da paz' acabou há muito".
As ONG alertam que o referido caminho "se afasta da Carta das Nações Unidas como documento orientador das relações internacionais", que declara o propósito de resguardar os povos do "flagelo da guerra".
"A nossa recusa por esta deriva militarista e securitária é total e acreditamos ser fundamental a consolidação de um discurso alternativo, centrado na descolonização, na justiça social, na paz, na solidariedade e no bem-estar dos povos e do planeta", refere a carta aberta.
Subscrevem a carta aberta, entre outros, a Academia Cidadã, Associação AfriCandé, Aveiro Feminista, Casa do Brasil de Lisboa, CCC -- Círculo de Cultura Cigana, CIVITAS Braga -- Associação para a Defesa e Promoção dos Direitos dos Cidadãos, Climáximo, Coletivo pela Libertação da Palestina, DJASS | Associação de Afrodescendentes, Famalicão Com Teto -- Movimento pelo Direito à Habitação, Frente Anti-Racista, GARA -- Grupo de Ação Revolucionária Antifascista, Guimarães LGBTQIA+, Humanamente -- Movimento Pela Defesa dos Direitos Humanos, Parents For Peasse, Refugees Welcome Portugal (On The Road -- Associação Humanitária), Rede 8 de Março, SOS Racismo, UMAR -- União de Mulheres: Alternativa e Resposta e Vida Justa.
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