"Protesto do voto pelo protesto" significa "desistir da Democracia"
O ex-ministro da Defesa António Vitorino defendeu hoje que o "protesto do voto pelo protesto" significa a "desistência da Democracia", cabendo ao PS "a tarefa" de demonstrar que aquela opção não representa "nenhuma esperança de uma vida melhor".
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País António Vitorino
"É, pois, nossa a tarefa evitar que aqueles que estão desiludidos ou mesmo indignados sejam tentados a entregar-se ao protesto do voto pelo protesto porque isso representa uma desistência da Democracia e nós não queremos que nenhum português desista da Democracia", salientou o também antigo Comissário Europeu, a discursar no Porto na iniciativa Portugal Inteiro.
Perante cerca de 400 pessoas e num discurso marcado por palavras de alerta contra o populismo de direita, António Vitorino realçou que o PS tem "mais uma vez a responsabilidade histórica de demonstrar que não é a gritaria não é, o discurso do ódio, não é o protesto pelo protesto que pode melhorar" a situação dos portugueses.
Com todas as críticas apontadas à direita e à extrema-direita, o ex-diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações considerou que é com "amarga ironia" que no ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril, Portugal esteja "confrontado com o desafio e a ameaça que representa para a nossa democracia o populismo radical de direita".
"Cabe a nós, às forças políticas que acreditam na Democracia pluralista, que respeitam a igual dignidade de todos, que são obreiros da coesão e da solidariedade social, cabe-nos a nós, dizer aos eleitores que na Democracia e pela Democracia existem propostas para responder as suas ansiedades, aos seus medos, mas, sobretudo, as suas aspirações", apontou.
Para António Vitorino, que confessou estar "duplamente de volta a casa", ou seja ao PS e ao Porto, por onde foi eleito deputado à Assembleia da República em 1980, os socialistas têm também de demonstrar que sabem "ouvir e entender o grito de alma que um voto de protesto pode representar".
"Nós não somos insensíveis ao crescimento das desigualdades sociais, que a qualidade dos serviços públicos é essencial para a paz social, tanto em termos de saúde, habitação, educação, à proteção social como na qualidade dos serviços que são prestados aos cidadãos porque só assim se constrói um país com mais justiça social", considerou.
A memória de antigos secretários-gerais do PS, deixando de fora José Sócrates e António José Seguro, serviu de mote a António Vitorino para descreveu o atual PS: "Este é o PS que se orgulha da sua identidade, de 51 anos de combate pela liberdade e pela Democracia e pelas nossas convicções europeístas, como aprendemos todos com Mário Soares. Este é o PS que esteve sempre na primeira linha da defesa dos direitos humanos, da tolerância do respeito pelo outro, do dialogo entre civilizações, como nos mostrou o Jorge Sampaio."
E continuou: "Este é o PS da paixão pela Educação, pelas qualificações, pelo apoio aos mais desfavorecidos, de solidariedade e coesão social, é o PS da igualdade entre homens e mulheres, como nos mostrou o António Guterres."
Ainda sobre o tempo de António Guterres como secretário-geral do PS e primeiro-ministro, que estabeleceu as quotas em listas eleitorais, António Vitorino lembrou uma das maiores conquistas socialistas: "É por isso com orgulho que hoje vens que metade das listas que o PS apresenta no território nacional é liderado por mulheres pelo seu mérito próprio".
António Costa foi o líder que se seguiu, com Vitorino a salientar que mostrou um PS "do respeito pelos compromissos europeus, defensor das liberdades europeia na resposta à pandemia e na recuperação económica pós-pandemia".
Por fim, dirigindo-se ao atual secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, António Vitorino mostrou-se confiante na vitória dos socialistas nas eleições de 10 de março: "Caros secretário geral Pedro Nuno Santos, este é o teu, o nosso PS, que os portugueses conhecem e sabem que está sempre presente".
"O PS que há 50 anos afirmava que quanto mais a luta aquece, mais força tem o PS, essa é a forma que te levará à vitoria", vaticinou.
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