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Portugal saúda desbloqueio de cereais. "Mas não basta assinar acordos"

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, saudou hoje os acordos para o desbloqueio dos cereais nos portos ucranianos, mas sem esconder o receio de que a Rússia possa não os cumprir.

Portugal saúda desbloqueio de cereais. "Mas não basta assinar acordos"
Notícias ao Minuto

16:49 - 22/07/22 por Lusa

País Rússia/Ucrânia

uma excelente notícia e é algo que o mundo fica a dever ao secretário-geral das Nações Unidas, que trabalhou de forma muito intensa neste acordo, bem como à Turquia, que desempenhou um papel fundamental", disse à Lusa o chefe da diplomacia portuguesa.

"Mas, naturalmente, não basta assinar os acordos. É preciso cumprir os acordos, por isso, estaremos de olhos postos na Rússia", acrescentou Gomes Cravinho, lembrando que, noutros momentos recentes, nomeadamente nos acordos para a criação de corredores humanitários na guerra da Ucrânia, Moscovo não respeitou a sua palavra.

"Temos essa preocupação. A Rússia, repetidamente, mostrou que não cumpre a sua palavra", lamentou Gomes Cravinho.

A Ucrânia e a Rússia assinaram esta sexta-feira acordos separados com a Turquia e a ONU para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais presos nos portos do Mar Negro.

Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, com a parceria da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos - já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia - devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.

João Gomes Cravinho sublinhou a importância destes acordos, não apenas para a segurança alimentar, mas também por permitirem o acesso a fertilizantes, "que são fundamentais em muitas partes do mundo".

"Estes acordos mostram também que a diplomacia, mesmo nestas circunstâncias difíceis, consegue produzir resultados", disse Gomes Cravinho à Lusa, na conclusão de uma visita oficial ao Peru.

O chefe da diplomacia portuguesa disse que compreende o facto de a Ucrânia se ter recusado a assinar um acordo diretamente com a Rússia, obrigando à assinatura em separado de um "acordo em espelho" entre a Turquia e as Nações Unidas e Moscovo.

"Compreendo que os ucranianos tenham a maior das dificuldades em assinar um documento em comum com a Rússia. É um país que os está a invadir e que desrespeitou acordos escritos internacionais.

Apesar de reconhecer que a Europa não é um dos continentes diretamente afetados com a falta de cereais, Gomes Cravinho salienta os benefícios do desbloqueio dos cereais dos portos ucranianos para o controlo da inflação no Ocidente.

"A Europa não tinha essa ameaça direta. Mas, da perspetiva portuguesa, não nos podemos deixar de nos preocupar com os restantes países do mundo (...) e alivia a pressão sobre os preços", admitiu o chefe da diplomacia portuguesa.

Gomes Cravinho diz que falou sobre estes acordos com o secretário-geral da ONU, quando António Guterres esteve em Lisboa, recentemente, para a Conferência dos Oceanos, tendo percebido a complexidade do processo, bem como as dificuldades de negociação diplomática num tema crítico.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de 5.100 civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,9 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A organização internacional tem observado o regresso de pessoas ao território ucraniano, mas adverte que estão previstas novas vagas de deslocação devido à insegurança e à falta de abastecimento de gás e água nas áreas afetadas por confrontos.

Também segundo as Nações Unidas, mais de 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: UE sobre acordo de desbloqueio: "Implementação é da maior importância"

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