Capitão de Abril faz comentário polémico sobre judeus. Associações reagem
Num tweet sobre a compra de vacinas contra a Covid-19 por parte de Israel, Rodrigo Sousa e Castro disse que se trata de “uma espécie de vingança histórica”. Associações judaicas exigem consequências.
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País Polémica
O Capitão de Abril Rodrigo Sousa Castro está a ser arrasado, nas redes sociais, depois de ter tecido um polémico comentário no Twitter sobre a aquisição de vacinas contra a Covid-19 por parte de Israel.
“Os judeus, como dominam a finança mundial, compraram e têm as vacinas que quiseram. É uma espécie de vingança histórica. E mais não digo antes que os bulldogs sionistas saltem”, tweetou o antigo porta-voz do Conselho da Revolução, na passada sexta-feira.
O tweet que, entretanto, foi apagado gerou tanta polémica que levou o embaixador da Israel em Portugal e várias associações judaicas a exigir que haja “consequências”.
Quando se trata de medicina, não excluímos nem antissemitas primitivos nem racistas ignorantes, mesmo que o seu presente não seja tão glorioso como o seu passado.” - Raphael Gamzou, Embaixador de Israel em Portugal
— Israel em Portugal (@IsraelinPT) February 7, 2021
“Como orgulhoso bulldog sionista posso prometer que se Israel desenvolver uma cura para a Covid-19, o Coronel Sousa e Castro terá acesso a ela, caso precise”, começou por ironizar Raphael Ganzou, acrescentando, também no Twitter, que “quando se trata de medicina, não excluímos nem antissemitas primitivos, nem racistas ignorantes, mesmo que o seu presente não seja tão glorioso como o seu passado”.
Um comentário que Sousa e Castro não quis deixar de responder. “Muito obrigado. Por um lado já tentei, sem sucesso, pelos vistos, esclarecer que errei ao falar genericamente em judeus e, por isso, peço desculpa. Por outro lado, prescindo da cura e ofereço-a a um palestiniano dos territórios ocupados por Israel”.
Muito obrigado Por um lado já tentei, sem sucesso pelos vistos, esclarecer que errei ao falar genericamente em judeus e por isso peço desculpa. Por outro lado prescindo
— rodrigo sousa castro (@1963Cor) February 8, 2021
da cura e ofereço-a a um palestiniano dos territórios ocupados por Israel. https://t.co/0JB0biqaUN
Já a Comunidade Israelita de Lisboa, através de um comunicado, considerou que publicação do antigo militar é “profundamente antissemita”, “preconceituosa” e “provocatória” e defende que a mesma “não deve passar sem consequências”.
“O discurso de ódio e de xenofobia nunca é indiferente e não deve passar em claro. Liberdade rima com responsabilidade. Faltou-a a Rodrigo Sousa Castro, militar de Abril, numa publicação que merece o repúdio da Comunidade Israelita de Lisboa e cujo conteúdo e tom lamentamos”, lê-se na mesma nota.
Quem também reagiu foi a Associação Lusa Portugueses por Israel. Na página oficial de Facebook, a associação condenou publicamente as declarações “anti-semitas do Coronel Sousa e Castro, Capitão de Abril condecorado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade” e recordou que publicações como estas “propagam alguns dos estereótipos historicamente mais utilizados para criar ressentimento e ódio contra o povo judeu”.
“Estas declarações são absolutamente inaceitáveis, especialmente, vidas de alguém com a visibilidade e responsabilidade do Coronel Sousa e Castro”, vincou a associação.
Recorde-se que Rodrigo Sousa Castro foi porta-voz do Conselho da Revolução a seguir à Revolução dos Cravos, onde combateu contra a ditadura de Salazar. Há seis anos, foi cabeça-de-lista do Partido Democrático Republicano (PDR) por Lisboa, nas eleições legislativas.
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