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GNR na reforma diz que disparou sem intenção de matar jovem

Um militar da GNR na reforma admitiu hoje, no tribunal de Sintra, que disparou na direção de um jovem de 23 anos, durante uma discussão por causa de um cão, mas negou intenção de matar.

GNR na reforma diz que disparou sem intenção de matar jovem
Notícias ao Minuto

17:16 - 30/01/14 por Lusa

País Queluz

O guarda na reforma, agora com 53 anos, encontra-se em prisão preventiva desde que foi detido pela PSP, em Queluz, acusado da morte de Caio Carvalho, 23 anos.

Perante o coletivo de juízes e os jurados do Juízo de Grande Instância Criminal, o arguido ouviu na primeira audiência ser-lhe imputado pelo Ministério Público um crime de homicídio qualificado, punível com prisão de 12 a 25 anos.

Segundo um resumo da acusação, efetuado pela juíza-presidente, na tarde de 11 de janeiro de 2013 o arguido passeava pela trela um cão quando se aproximou dele um "pitbull", junto à garagem de lavagem de carros onde Caio trabalhava. Na sequência da troca de palavras e de ameaças, o militar disparou quatro tiros de aviso para o ar e para os pés da vítima, antes de lhe desferir um disparo fatal "na zona torácica".

"O que está aqui em causa é grave, é uma tragédia humana", reconheceu o advogado de defesa, embora apelando para se "fazer um esforço para perceber o que é que conduziu" ao trágico desfecho. "Ó meu, o que é que tu queres? Levas já com um murro pelos cornos abaixo", contou o arguido, sobre a forma como a vítima se lhe dirigiu, na discussão após o encontro dos cães.

Caio, segundo o ex-GNR, terá ido à garagem buscar "um tubo ou um ferro" e avançou na sua direção. "Dei-lhe voz de 'alto' e ele não cumpriu", disse. E assumiu: "Dei três tiros para o ar e um para as pernas. A minha intenção não era matá-lo".

O arguido argumentou que possuía duas armas, mas que foi a primeira vez que disparou com o revólver. Às dúvidas da juíza sobre se tinha a noção de ter acertado no jovem, respondeu que não: "A minha preocupação naquele momento era o meu animal".

Inquirido acerca do motivo de ir passear o cão com um revólver de calibre 1.32, com seis balas no tambor, e mais 18 munições numa bolsa, justificou com o facto de ter visto a sua residência assaltada e porque "andava a ser seguido".

Os juízes insistiram na direção em que apontou a arma, mas o militar apenas concedeu ter disparado "na diagonal". Quanto à depressão que o levou a tomar medicamentos, garantiu: "Maluco não sou".

Os depoimentos das duas testemunhas que se encontravam na garagem - Tiago, colega, e Cátia, namorada de Caio - divergiram quanto à distância a que decorreu a discussão e os disparos. Também não coincidiram quanto ao facto da vítima se ter dirigido para o agressor com uma escova com cabo de madeira numa mão. No entanto, Caio não se terá intimidado por julgar tratar-se de "uma arma de alarme".

A advogada da assistente - a mãe da vítima e o seu filho de um ano - inquiriu depois os bombeiros e o médico do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que nada puderam fazer para reverter a "paragem cardiorrespiratória" de Caio. Uma tia da vítima e uma amiga da mãe atestaram as dificuldades económicas e o impacto que a morte do jovem provocou no agregado familiar.

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