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"Cultura democrática" dificulta ascenção de figuras como Bolsonaro

O sociólogo na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Elísio Estanque defendeu hoje que a "cultura democrática" está num plano "mais amadurecido" e incorporado na sociedade, dificultando a ascensão de figuras como Jair Bolsonaro, o novo Presidente brasileiro.

"Cultura democrática" dificulta ascenção de figuras como Bolsonaro
Notícias ao Minuto

14:51 - 29/10/18 por Lusa

País Elísio Estanque

Questionado pela agência Lusa sobre se o discurso que levou à Bolsonaro, candidato da extrema-direita, ao poder no Brasil poderia acontecer em Portugal, Elísio Estanque disse que "até ao momento, não há grandes sinais" de uma "tendência no mesmo sentido".

Contudo, este professor universitário frisou que essa característica, de um "discurso antidemocrático, apelando à violência", tem vindo a "germinar em vários pontos do país e do mundo".

O sociólogo apontou que é uma tendência que está em crescimento, "onde o discurso populista e a descolagem, em relação aquilo que são os valores tradicionais da democracia, esbatem ou desaparecem" e, portanto, existe "o risco de um ciclo de regime autoritário, provavelmente não exatamente como do passado, mas que podem ser de violência de arrogância".

"Dependendo do grau de sucesso do funcionamento do sistema democrático e da coerência que os políticos, atualmente no poder possam demonstrar ou não, assim o ´divórcio´, que já é preocupante entre uma boa parte dos cidadãos e a elite política que existem em todos os países e em Portugal também - basta ver os níveis de abstenção, o desinteresse pela vida política - esse 'divórcio' pode agravar-se ou pode atenuar-se", explicou.

Elísio Estanque sublinhou que é necessário "trabalhar para resguardar e revitalizar a democracia, e isso significa credibilizar também as instituições, as lideranças políticas e os próprios partidos políticos, que por vezes fazem pouco para mostrarem que são capazes desse revigoramento e revitalização interna".

Para o sociólogo, a vitória de Jair Bolsonaro foi baseada num "discurso antidemocrático, quer no conteúdo das palavras quer nos próprios atos, porque não houve debate".

"Nós na Europa não imaginaríamos uma campanha eleitoral onde os candidatos não possam debater uns com os outros", argumentou.

Para Elísio Estanque, Jair Bolsonaro "emergiu com um discurso que foi ao encontro das expectativas da sociedade brasileira".

"Foi realmente um processo que deixou muita gente, em muitas latitudes do mundo, perplexa porque o discurso de Jair Bolsonaro era um discurso ameaçador, apelando à violência, muito discriminatório, com referências positivas à ditadura do passado histórico do Brasil", afirmou.

Ainda assim, Elísio Estanque acredita que nos "próximos tempos haverá algum apaziguamento por parte do discurso do candidato vitorioso, do futuro Presidente" do Brasil.

Jair Bolsonaro "já deu alguns sinais logo no discurso da vitória e, portanto, alguma complacência" disse Elísio Estanque, acrescentando que esperam "que isso se traduza depois num diálogo com as outra forças [políticas], uma vez que sozinho não irá conseguir fazer as reformas que promete".

Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército brasileiro reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos.

De acordo com dados do Supremo Tribunal Eleitoral brasileiro, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), conquistou 44,9% dos votos, e a abstenção foi de 21% de um total de mais de 147,3 milhões eleitores inscritos.

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