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Espinho adquiriu 39 cartas de Manuel Laranjeira para lançar em livro

A Câmara Municipal de Espinho revelou hoje que adquiriu 39 cartas manuscritas do escritor Manuel Laranjeira (1877-1912), a maioria das quais dirigidas ao pintor António Carneiro e algumas delas inéditas, para as reunir numa publicação a editar em 2018.

Espinho adquiriu 39 cartas de Manuel Laranjeira para lançar em livro
Notícias ao Minuto

14:30 - 03/08/17 por Lusa

Cultura Câmara Municipal

Segundo adiantou à Lusa o chefe da Divisão de Cultura e Museologia da autarquia, Armando Bouçon, as missivas estavam na posse da Livraria Académica do Porto, constam sobretudo de relatos ocupando uma página de tamanho A4 e abordam vários temas de interesse pessoal para o autor que, embora natural da freguesia de Mozelos, no concelho de Santa Maria da Feira, residiu a maior parte da vida em Espinho e aí se suicidou, aos 34 anos de idade.

"É um espólio muito importante que revela os seus estados de alma e opiniões muito vincadas sobre a situação da cultura, das artes e do país", defende Armando Bouçon.

"A caligrafia é de médico - que, aliás, também era a sua profissão - e o estilo de escrita é nostálgico e muito pessimista, como era característico da sua personalidade", acrescenta.

Adquiridas por 3.500 euros, as cartas de Manuel Laranjeira estão agora a ser analisadas com vista a integrarem uma publicação que a Câmara pretende editar em 2018 e cujo lançamento deverá ocorrer em simultâneo à abertura de uma exposição com esses documentos.

Armando Bouçon revela que os conteúdos em causa abordam aspetos tão prosaicos como a marcação de uma visita de António Carneiro a Espinho, para um encontro de amigos, ou temas de caráter mais político como a luta contra a monarquia, já que o escritor "era um republicano dos setes costados e integrava os órgãos locais do Partido Republicano".

Outros assuntos refletidos nas cartas que agora estão na posse da autarquia: "uma conjuntivite que não me deixa trabalhar quase nada", desabafa o escritor, e uma "evolução meteórica para o estado de estupidez moral", o que se poderá atribuir aos seus frequentes estados depressivos, motivados por "uma sífilis nervosa e pela ataraxia dos membros inferiores".

Para Armando Bouçon, está assim em causa "uma leitura interessante" que desvenda mais sobre a personalidade de um autor "turbulento e com opiniões muito fortes, que dizia as coisas tal como as pensava, sem olhar a meios".

Com esse espírito frontal, Manuel Laranjeira também trocou correspondência com o pintor modernista Amadeo de Souza-Cardoso, que "tinha casa de férias em Espinho" e partilhava de muitas das opiniões do médico e escritor, pelo que também será alvo de um programa especial com que a Câmara Municipal de Espinho tem por objetivo celebrar em outubro de 2018 o centenário da sua morte.

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