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Entre acusações, trégua em Ghouta foi violada e bombardeamentos continuam

Pausa humanitária nos bombardeamentos aéreos, durante cinco horas diárias, foi anunciada ontem pela Rússia. Contudo, Nações Unidas dizem que combates continuam. Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPCW) está a investigar utilização de gás de cloro nos bombardeamentos perpetrados pelo regime sírio no passado domingo.

Entre acusações, trégua em Ghouta foi violada e bombardeamentos continuam
Notícias ao Minuto

11:27 - 27/02/18 por Pedro Bastos Reis

Mundo Síria

O cessar-fogo na Síria começou na manhã desta terça-feira, no entanto, não parece estar a ser cumprido à risca. Quem o diz são as próprias Nações Unidas, mas também Moscovo, que denunciam combates durante esta manhã, o que está a impedir que comboios com ajuda humanitária cheguem a Ghouta.

“Temos relatos de que os combates em Ghouta Oriental continuam durante esta manhã”, afirmou Jens Laerke, porta-voz das Nações Unidas para as questões humanitárias, citado pela Reuters. “Claramente que a situação no terreno não é a indicada para que os comboios com ajuda ou as evacuações possam ser feitas”, acrescentou.

Já o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma organização não-governamental, com sede em Londres, que monitoriza a guerra na Síria, afirma que duas zonas de Ghouta foram alvo de bombardeamentos aéreos, acusação negada pelo exército sírio. De acordo com esta organização, uma criança morreu e sete pessoas ficaram feridas esta terça-feira, isto quando já estava em vigor o cessar-fogo. O Exército Livre da Síria, apoiado pelos Estados Unidos e formado, sobretudo, por civis e desertores do exército de Assad, acusa Damasco de não cumprir a trégua. 

A televisão estatal síria, por seu turno, garante que o corredor humanitário, para a retirada de civis, foi estabelecido, ao passo que Moscovo acusa as forças rebeldes de estarem a bombardear a região, impedindo a saída de civis. "Às 09h00 de 27 de fevereiro, foi aberto um corredor humanitário para a saída de civis da zona de conflito. Atualmente, militantes estão a proceder a bombardeamentos intensos e nenhum civil conseguiu sair", afirmou, citado pela Sputnik, o general russo Viktor Panokv. 

As autoridades russas dizem ainda que o prologamento das cinco horas de trégua diárias "dependem do comportamento dos grupos terroristas"

"Lamentamos que, em relação a Ghouta Oriental, o outro lado [países ocidentais] ignore a desordem e a situação causada pelos terroristas, que se protegem ao manter a população civil refém", afirmou, em comunicado, Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.

A trégua humanitária foi anunciada na passada segunda-feira, pela Rússia. Moscovo anunciou que, durante cinco horas diárias, haverá uma pausa nos combates de forma a que a ajuda humanitária possa chegar a Ghouta Oriental e também para que as centenas de feridos possam sair da cidade. 

Para a Cruz Vermelha, a trégua diária é demasiado reduzida, e é difícil fazer tanto em tão pouco tempo. "[Cinco horas] É muito limitado e há pouco que possamos fazer em tão pouco tempo", afirmou Ingy Sedky, porta-voz do comité internacional da Cruz Vermelha à Associated Press. 

O cessar-fogo, recorde-se, foi aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU, por unanimidade, no passado sábado. Na última semana, segundo os número do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, morreram mais de 500 pessoas na sequência dos bombardeamentos perpetrados pelo regime de Bashar al-Assad, com apoio da Rússia, o que torna esta ofensiva uma das mais intensas desde o início da Guerra da Síria, que completa, em março, sete anos. 

"É uma questão de vida ou de morte. Precisamos de um cessar das hostilidades de 30 dias, tal como exigir o Conselho de Segurança", sublinhou Jens Laerke.

Ghouta Oriental, onde vivem cerca de 400 mil pessoas, é um dos últimos bastiões de oposição ao regime de Assad, sendo disputada, entre as forças rebeldes, por grupos mais moderados e por organizações jihadistas, nomeadamente a antiga Frente al-Nusra, braço armado da Al-Qaeda na Síria. 

Utilização de armas químicas sob investigação

Esta terça-feira, a Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPCW) revelou estar a investigar a alegada utilização de armas químicas, no passado domingo, por parte do regime de Assad. A acusação de que Damasco terá utilizado gás de cloro partiu dos Capacetes Brancos, grupo de voluntários que presta auxílio às populações nas zonas controladas pela oposição a Damasco.  

A informação surge depois de o chefe da diplomacia britânica ter ameaçado intervir diretamente na Guerra da Síria caso se comprove que o regime sírio utilizou este tipo de armas, proibidas pela lei internacional. 

"Acho que nos devemos questionar enquanto país, e penso que no Ocidente precisamos de o fazer, se vamos permitir a utilização de armas químicas, se a utilização de armas ilegais pode passar sem restrições, sem controlo, se pode passar impune? Penso que não podemos permitir tal coisa”, afirmou Boris Johnson, seguindo os passos de Emmanuel Macron que, há duas semanas, também traçou a utilização de armas químicas como a linha vermelha que poderá levar Paris a voltar a bombardear o país. 

[Notícia atualizada às 12h26]

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