Amnistia insta Curdistão a libertar mulher yazidi presa há dois anos
A Amnistia Internacional (AI) instou hoje o governo regional do Curdistão (iraquiano) a libertar imediatamente uma mulher yazidi, assinalando que esta está detida sem julgamento há dois anos, após ter estado cativa do grupo extremista Estado Islâmico.
© Reuters
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Num comunicado, a organização de defesa dos direitos humanos classifica de "arbitrária" e "vergonhosa" a detenção de Bassema Darwish, 34 anos, acusada de cumplicidade com os 'jihadistas' que a sequestraram.
"As mulheres yazidi raptadas pelo Estado Islâmico (EI) sofreram abusos verdadeiramente lancinantes, incluindo violação e escravidão sexual. No caso de Bassema Darwish, a libertação do cativeiro do EI não foi o fim dos maus tratos. Em vez de a deterem durante quase dois anos em violação dos seus direitos, as autoridades devem garantir que ela recebe assistência médica e psicossocial (...), para a ajudar a superar a sua provação em cativeiro", disse o diretor da AI para o Médio Oriente e o Norte de África, Philip Luther, citado no comunicado.
"Detê-la indefinidamente sem julgamento ou hipótese de contestar a legalidade da sua detenção é cruel e ilegal. As autoridades devem acusá-la de um crime reconhecível ou libertá-la imediatamente", adiantou.
Segundo familiares e ativistas, Bassema Darwish foi raptada por combatentes do EI juntamente com o seu marido e 33 familiares a 03 de agosto de 2014 quando tentavam fugir da cidade de Sinjar (norte do Iraque). Ela estava grávida.
Os sequestrados terão sido levados inicialmente para Tal'Afar, onde as mulheres e crianças foram separadas dos homens. Quando Bassema Darwish foi encontrada pelas forças do governo regional do Curdistão ('peshmerga') estava em Zummar (noroeste do Iraque).
A Amnistia refere ter estado reunida com o chefe de investigações da Direção Antiterrorista, segundo o qual Bassema Darwish foi "radicalizada" e enganou deliberadamente os 'peshmerga' quando eles chegaram ao local onde se encontrava, dizendo que a casa estava vazia e permitindo que os 'jihadistas' do EI escondidos na habitação matassem três soldados curdos.
Bassema Darwish está atualmente detida na Prisão Juvenil e para Mulheres de Erbil e teve a sua filha Nour Hussein enquanto estava sob custódia.
A AI já levantou o caso de Bassema Darwish com as autoridades do Curdistão por diversas vezes, a última das quais numa carta dirigida ao presidente do governo regional, Masud Barzani, em agosto. No mesmo mês foi-lhe recusado um pedido para a visitar.
A organização quer que Bassema Darwish possa receber familiares, advogados e peritos internacionais independentes, pedindo ainda que as autoridades a libertem "até que um tribunal civil decida sobre os méritos de qualquer acusação contra ela, tendo em conta o seu passado, vulnerabilidade e responsabilidades parentais".
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