Dois mortos na sede da oposição do Gabão após eleições
Duas pessoas morreram e mais de 12 ficaram feridas quando as forças de segurança do Gabão entraram na sede da oposição hoje de manhã, depois da controversa reeleição do Presidente Ali Bongo.
© Getty Images
Mundo Libreville
Milhares de manifestantes saíram à rua em Libreville, acusando o Governo de fraude eleitoral, depois de Bongo ter sido reeleito Presidente por uma estreita margem, contra o rival Jean Ping.
Nas ruas ouve-se o som de tiros e nuvens de fumo saem do parlamento em chamas, incendiado pelos manifestantes que entraram em confrontos com a polícia, causando seis feridos.
As forças de segurança rodearam a sede da oposição durante a noite e entraram no edifício, matando duas pessoas e ferindo mais de uma dúzia, segundo disse a Ping uma fonte de dentro do edifício.
"Atacaram pelas 01:00 (mesmo hora em Lisboa). É a guarda republicana. Estavam a bombardear com helicópteros e depois atacaram em terra. Há 19 feridos, alguns muito graves", disse ao início da madrugada Jean Ping, candidato presidencial da oposição, que não estava na sede.
O presidente do partido opositor União Nacional, Zacharie Myboto, que se encontrava dentro do edifício cercado, desceveu que as forças de segurança estavam a lançar bombas de gás lacrimogéneo e abriram fogo.
"Durante quase uma hora o edifício ficou cercado. Querem entrar no edifício (...) é extremamente violento", afirmou.
Um porta-voz do Governo disse que a operação tinha como objetivo apanhar os "criminosos" que tinham incendiado o edifício do parlamento.
"Pessoas armadas que pegaram fogo ao parlamento tinham-se reunido na sede de Jean Ping, juntamente com centenas de vândalos (...) não eram manifestantes políticos mas sim criminosos", disse Alain-Claude Bilie-By-Nze.
Uma forte presença militar e policial levou a uma paralisação de vastas zonas de Libreville, onde o acesso à Internet foi cortado.
"As pessoas do Gabão estão em perigo. Eles [comunidade internacional] devem vir e ajudar-nos [a lutar] contra o clã [de Bongo]", disse Ping à agência AFP.
Segundo os resultados oficiais, o chefe de Estado gabonês cessante venceu as eleições presidenciais com 49,80% dos sufrágios, derrotando Ping (48,23%) por 5.594 votos num universo de 627.805 votantes inscritos.
A oposição contesta os números e exigiu, em vão, uma contagem dos boletins de voto em cada uma das assembleias de voto.
Também a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, e o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Marc Ayrault, pediram às autoridades gabonesas a divulgação dos resultados de todas as assembleias de voto do país, em vez de apenas os totais nacionais, por terem dúvidas quanto à transparência do escrutínio.
Uma preocupação que não é partilhada pelo Presidente reeleito, que já veio a público para se congratular com uma eleição "exemplar", "com paz e transparência".
"Quero falar sobre a nossa principal vitória: esta eleição é exemplar", declarou Ali Bongo no seu primeiro discurso após o anúncio da Comissão Eleitoral Nacional, saudando "o povo gabonês, que votou com paz e transparência".
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