ONU reitera apelo para cessar-fogo em Gaza: "Fome deve ser travada"

Quatro agências da ONU reiteraram hoje o apelo para um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, também feito pelo secretário-geral António Guterres após a declaração oficial de situação de fome em parte do território.

Faixa de Gaza, Palestina,

© Moiz Salhi/Anadolu via Getty Images

Lusa
22/08/2025 13:31 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"A fome deve ser travada a todo o custo", afirmaram num comunicado conjunto o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), o Programa Alimentar Mundial (PAM) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

O Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC, sigla em inglês), um organismo da ONU com sede em Roma, declarou a situação de fome na província de Gaza, uma das cinco do território palestiniano.

A fome deverá estender-se às províncias de Deir el-Balah (centro) e Khan Yunis (sul) até ao final de setembro, segundo o IPC.

A declaração, a primeira no Médio Oriente, foi feita após meses de alertas sobre a fome no território palestiniano devastado por uma ofensiva de Israel desde outubro de 2023.

Israel negou a situação de fome e acusou o IPC de basear o relatório em "mentiras do Hamas", o grupo extremista palestiniano que governa Gaza desde 2027 e com o qual está em guerra.

A UNICEF, a FAO, o PAM e a OMS afirmaram no comunicado enviado à agência Lusa que "têm destacado de forma coletiva e consistente a extrema urgência de uma resposta humanitária imediata e de grande escala".

Em causa, assinalaram, está o crescente número de mortes relacionadas com a fome, o rápido agravamento dos níveis de subnutrição aguda e o colapso da quantidade de alimentos disponíveis e do consumo alimentar.

"Um cessar-fogo imediato e o fim do conflito são cruciais para permitir uma resposta humanitária sem restrições e em larga escala, capaz de salvar vidas", disseram.

As quatro agências também manifestaram "grave preocupação com a ameaça de uma ofensiva militar intensificada na cidade de Gaza e qualquer escalada no conflito".

A acontecer, "teria consequências ainda mais devastadoras para os civis, onde as condições de fome já existem".

Muitas pessoas, "especialmente crianças doentes e subnutridas, idosos e pessoas com deficiência", poderão não conseguir fugir para o sul, alertaram.

Israel anunciou que planeia tomar a cidade de Gaza e outros bastiões do grupo.

Nesse sentido, o exército israelita começou a contactar equipas médicas e organizações humanitárias em Gaza para se prepararem para se deslocar para sul, onde devem tratar da população deslocada, doentes e eventuais feridos.

"Não há tempo a perder. Sem um cessar-fogo imediato e acesso humanitário total, a fome irá alastrar-se e mais crianças morrerão", declarou a diretora da UNICEF, Catherine Russell, citada no comunicado.

O diretor da FAO, Qu Dongyu, lembrou que o acesso a alimentos "é um direito humano básico" e defendeu como prioridade "o acesso seguro e sustentado para assistência alimentar em larga escala".

A diretora do PAM, Cindy McCain, afirmou que "os alertas de fome têm sido claros há meses" e definiu como "urgentemente necessário" fazer chegar a ajuda "aos que mais precisam, onde quer que estejam".

Para o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, "um cessar-fogo é agora um imperativo absoluto e moral", depois de o mundo ter perdido demasiado tempo a assistir "a mortes trágicas e desnecessárias" provocadas por uma fome criada pelo homem.

"Gaza tem de ser urgentemente abastecida com alimentos e medicamentos para salvar vidas e iniciar o processo de reversão da subnutrição", afirmou, pedindo a proteção dos hospitais, o fim dos bloqueios à ajuda e o restabelecimento da paz.

Já antes, António Guterres se tinha insurgido contra a situação, afirmando que não deve continuar impunemente, e reafirmado o seu apelo para um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

"Precisamos de um cessar-fogo imediato, da libertação imediata de todos os reféns [israelitas detidos em Gaza] e de acesso humanitário total e sem restrições", disse o secretário-geral da ONU.

Leia Também: Médio Oriente: António Guterres reafirma apelo para cessar-fogo imediato

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