Hamas exige abertura imediata de Gaza após declaração de fome da ONU

O grupo islamita palestiniano Hamas exigiu hoje a abertura imediata de todas as entradas na Faixa de Gaza e o acesso de ajuda humanitária, após a ONU ter declarado a situação de fome na principal cidade do território.

Hamas, Gaza, Israel

© ZAIN JAAFAR/AFP via Getty Images

Lusa
22/08/2025 15:33 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"A declaração de fome em Gaza é uma vergonha para [Israel] e para os seus apoiantes", declarou o Hamas em comunicado, que assinala a confirmação da "dimensão da catástrofe humanitária" que os palestinianos estão a sofrer.

 

O grupo palestiniano, em conflito com Israel há 22 meses na Faixa de Gaza, insistiu que as autoridades israelitas usam "a fome como arma de guerra e genocídio contra civis".

O ponto a que se chegou no enclave palestiniano exige "a abertura irrestrita das passagens para permitir a entrada urgente e contínua de alimentos, medicamentos, água e combustível", defende o Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007.

Além disso, torna também urgente "uma ação imediata da ONU e do Conselho de Segurança para pôr fim à guerra".

A ONU declarou hoje oficialmente a fome na cidade de Gaza, a primeira a atingir o Médio Oriente, depois de os especialistas terem alertado que 500.000 pessoas se encontravam numa situação catastrófica.

O Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC, sigla em inglês), um organismo da ONU com sede em Roma, confirmou que uma fome estava em curso em Gaza.

A fome deverá estender-se às províncias de Deir al-Balah (centro) e Khan Yunis (sul) até ao final de setembro, segundo a declaração.

O número, baseado em informações recolhidas até 15 de agosto, deverá subir para quase 641.000 até ao final de setembro, indicou a agência France Presse (AFP).

De acordo com o IPC, trata-se da deterioração mais grave da situação desde o início das suas análises na Faixa de Gaza.

A situação é o resultado da escalada do conflito nos últimos meses, que provocou deslocações em massa da população, combinadas com as restrições impostas por Israel no acesso aos abastecimentos alimentares.

No início de março, Israel proibiu totalmente a entrada de ajuda humanitária no território, antes de autorizar, no final de maio, o transporte de quantidades limitadas, provocando graves carências de alimentos, medicamentos e combustível.

Israel, que controla todos os acessos ao enclave, acusa o Hamas de saquear a ajuda humanitária, o que o grupo nega, e as organizações humanitárias de não a distribuírem.

Há quase duas semanas, o Gabinete de Segurança de Israel aprovou o plano de ocupação da Cidade de Gaza, a expansão das operações militares a campos de refugiados na costa central do território, gerando uma vaga de críticas internacionais e dentro do país.

Segundo a ONU, a intensificação das operações militares, que preveem a retirada forçada de centenas de milhares de pessoas da principal cidade do território, levará ao agravamento do acesso da população a bens essenciais.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, validou este plano na quinta-feira, ao mesmo tempo que deu instruções para negociar com o Hamas a libertação dos reféns ainda em posse das milícias palestinianas.

Em cima da mesa está uma proposta dos mediadores internacionais -- Egito, Qatar e Estados Unidos -- de um cessar-fogo de 60 dias durante o qual seriam devolvidos os 50 reféns na Faixa de Gaza, dos quais se estima que 20 estejam vivos, em troca da libertação de prisioneiros palestinianos e do acesso de ajuda humanitária.

O conflito foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar no território, que já provocou mais de 62 mil mortos, segundo as autoridades locais, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.

Leia Também: Médio Oriente: António Guterres reafirma apelo para cessar-fogo imediato

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas