"Moçambique tem demonstrado liderança regional ao integrar a igualdade de género nas suas políticas públicas, ao mobilizar comunidades e ao promover reformas legislativas, mas precisamos que os compromissos sejam acompanhados de financiamento adequado, de monitoria eficaz e da participação ativa das mulheres a todos os níveis", disse Marie Laetitia Kayisire, em representação da Coordenadora Residente da Organização das Nações Unidas (ONU) em Moçambique.
Durante o lançamento do relatório nacional Beijing+30, em Maputo, a responsável prometeu que as Nações Unidas vão continuar a apoiar Moçambique na implementação de políticas para a igualdade de género, quando apenas cinco anos restam dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (2030), que incluem avanços no acesso a oportunidade para mulheres.
No mesmo evento, a ministra do Trabalho, Género e Ação Social, disse Ivete Alane, assinalou o aumento de partos institucionais em Moçambique, de 87% em 2019 até 93% em 2023, em resultado da expansão da rede de serviços e programas de saúde sexual e reprodutiva no país.
"Na saúde, expandimos a rede de serviços e programas de saúde sexual e reprodutiva, planeamento familiar e rastreio do cancro do colo do útero. Graças à criação das casas mãe-espera, os partos institucionais cresceram de 87% em 2019 para 93% em 2023, um marco importante para a redução da mortalidade materna", disse a ministra do Trabalho.
A governante alertou para a persistência de desafios sérios como "a necessidade de remover barreiras estruturais ao pleno desenvolvimento das mulheres, garantir maior acesso a serviços básicos e emprego digno", tendo apontado também para a necessidade de eliminar de forma definitiva a violência baseada no género e as uniões prematuras.
A governante assumiu que o executivo vai continuar a implementar programas de empoderamento feminino, com especial atenção às regiões afetadas por conflitos.
Na quinta-feira, a ministra do Trabalho alertou para o aumento dos casos de violência baseada no género no país, defendendo políticas eficazes e "ação firme" para travar as desigualdades.
A Lusa noticiou antes que Moçambique registou mais de 9.000 casos de violência baseada no género (VBG) e de 4.000 casos de violência doméstica no primeiro semestre do ano, foi anunciado em 22 de julho pelas autoridades locais.
"Em termos de violência doméstica, neste primeiro semestre nós tivemos 4.812 casos, contra 4.751 [em 2024]. (...) Tivemos um aumento de 71 casos", disse então a chefe do Departamento de Atendimento à Família e Menores Vítimas de Violência da Polícia da República de Moçambique (PRM).
Em todo o ano de 2024, segundo dados divulgados em março passado pelo Governo, Moçambique registou mais de 20 mil casos, sendo, na sua maioria, casos de violência doméstica contra mulheres.
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