Numa entrevista à emissora israelita i24NEWS, na terça-feira, Netanyahu afirmou estar numa "missão histórica e espiritual" e muito apegado à visão do "Grande Israel", princípio fundamental da tradição política do seu partido, Likud, enraizado na corrente do sionismo revisionista.
Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio afirmou ter "solicitado esclarecimentos sobre o assunto, dadas as suas implicações em termos de provocação de instabilidade, rejeição da opção de paz na região e insistência na escalada".
"O Egito afirma o seu compromisso com o estabelecimento da paz no Médio Oriente e condena o que foi noticiado em alguns meios de comunicação israelitas sobre o que está a ser chamado de 'Grande Israel'", afirmou o ministério em comunicado.
O termo "Grande Israel" [Eretz Yisrael HaShlema] tem sido utilizado desde a Guerra Israelo-Árabe de 1967 para descrever Israel e os territórios que ocupou: Jerusalém Oriental, Cisjordânia, Gaza, a Península do Sinai no Egito e os Montes Golã na Síria.
Os primeiros sionistas, como Ze'ev Jabotinsky, precursor ideológico do partido Likud de Netanyahu, também o aplicaram à atual Jordânia, segundo os meios de comunicação social israelitas.
Durante a entrevista à i24NEWS, a ex-deputada Sharon Gal ofereceu a Netanyahu um amuleto que representa o "Grande Israel".
Questionado se se sentia ligado àquela visão, Netanyahu respondeu "muito".
Netanyahu opôs-se repetidamente à criação de um Estado palestiniano, e os críticos disseram que a expansão ilegal dos colonatos por parte do governo se enquadra nesta postura, criando "factos consumados" que tornam impossível a solução dos dois Estados.
Hoje, o chefe da diplomacia israelita classificou como suicida a solução dos dois Estados -- Israel e Palestina --, defendida por grande parte da comunidade internacional para pôr fim ao conflito em Gaza, em curso há 22 meses.
"Um Estado palestiniano no coração de Israel seria, sem dúvida, uma solução (...) para aqueles que procuram eliminar-nos. Não permitiremos que isso aconteça", afirmou Gideon Saar, em declarações à imprensa internacional, insistindo que seria "uma medida suicida".
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita também atacou os países que apoiam a criação de um Estado palestiniano e anunciaram que o reconhecerão formalmente durante a Assembleia-geral da ONU, em setembro.
Saar afirmou que "estabelecer um Estado palestiniano dentro das fronteiras de 67, com capital em Jerusalém Oriental (...) colocaria em grave perigo os centros populacionais de Israel e empurraria Israel para fronteiras que não podem ser defendidas".
Portugal também já iniciou o processo com vista ao reconhecimento da Palestina na Assembleia-geral da ONU.
Desde o ataque do movimento islamita palestiniano Hamas contra território israelita em 07 de outubro de 2023, que desencadeou a ofensiva israelita na Faixa de Gaza, Israel intensificou as operações militares na Cisjordânia, além de expandir os colonatos judaicos.
Em 2024, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) determinou que Israel deve revogar todas as leis que favorecem a ocupação da Cisjordânia, classificando-a como ilegal.
No entanto, nesse mesmo mês, o parlamento israelita aprovou uma moção simbólica --- sem efeitos legais --- a favor da anexação do território, considerado ilegalmente ocupado pelo direito internacional.
As declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros israelita coincidem com a aprovação, por parte do exército israelita, do plano para a próxima fase da ofensiva no enclave palestiniano, que inclui a ocupação da cidade de Gaza.
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