Hezbollah recusa desarmamento sob ameaça israelita

O líder do Hezbollah rejeitou hoje submeter o grupo xiita a um calendário de desarmamento enquanto Israel prosseguir os seus ataques no Líbano, num momento em que o Governo libanês debate o monopólio estatal das armas.

membros do Hezbollah

© Getty Images/Houssam Shbaro/Anadolu

Lusa
05/08/2025 19:44 ‧ há 7 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Nenhum calendário que se supõe ser implementado sob o fogo da agressão israelita pode ser aceite", declarou Naim Qassem num discurso televisivo, no qual exortou o Estado libanês a "desenvolver planos para lidar com a pressão" e a não "privar a resistência [Hezbollah] das suas capacidades e força".

 

Na sua intervenção, o líder do grupo armado apoiado pelo Irão apelou para a "unidade nacional" contra a pressão de Washington.

"Para construir o Líbano e alcançar a estabilidade, devemos partilhar e cooperar dentro da estrutura da unidade nacional, delinear prioridades que representem toda a realidade libanesa e não nos submetermos à tutela dos Estados Unidos ou de outros", afirmou.

As palavras do clérigo xiita foram divulgadas em simultâneo com uma reunião do Conselho de Ministros, cujo tema central é o desarmamento do Hezbollah, um movimento acusado de se comportar como um Estado paralelo no Líbano e que entrou em conflito aberto com Israel após o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.

Naim Qassem argumentou que o problema não são as armas na posse do seu movimento, mas os bombardeamentos que Israel continua a lançar contra o território libanês, apesar de um cessar-fogo em vigor desde novembro.

"Devemos ir ao Conselho e definir uma estratégia para enfrentar a agressão e preservar a soberania. Estabelecer um calendário para isso e discutir como podemos envolver todos no processo de defesa do Líbano", defendeu.

Após quase um ano de troca de tiros ao longo da fronteira israelo-libanesa, Israel lançou uma forte campanha aérea no verão do ano passado, que decapitou a liderança do movimento xiita, incluindo a morte do seu líder histórico, Hassan Nasrallah, nos arredores de Beirute, e de várias outros altos membros da sua hierarquia política e militar.

O Presidente libanês, Joseph Aoun, antigo comandante das forças armadas e eleito em janeiro, após dois anos de um vazio no cargo, elevou o tom na semana passada, ao pedir publicamente o desarmamento do Hezbollah, num contexto de perda de influência política do movimento.

A pressão do líder libanês seguiu-se a uma tentativa de Washington de promover um plano para avançar com as tarefas pendentes de cessar as hostilidades, com foco na eliminação das armas do Hezbollah.

No seu discurso de hoje, Naim Qassem revelou pela primeira vez os detalhes da proposta, que lhes dava até 30 dias para entregar as suas armas "simples", como granadas e morteiros, bem como desmantelar 50% das suas infraestruturas.

De acordo com o líder do movimento, após o término desta fase inicial, Israel retirar-se-ia das zonas ocupadas no sul do Líbano, dando lugar a uma segunda fase, de dois a três meses, que culminaria na libertação dos prisioneiros.

"Não concordamos com nenhum novo pacto (...). Não concordamos com nenhum cronograma que seja apresentado para ser implementado sob a égide da agressão israelita", insistiu o clérigo, afirmando que os membros do seu grupo não aceitarão ser "escravos de ninguém".

O Conselho de Ministros, realizado hoje, foi convocado numa fase de crescente pressão dos Estados Unidos e do receio de que a falta de consenso para alcançar o desarmamento do Hezbollah sem mais demoras possa levar em breve a uma nova grande ofensiva israelita contra o Líbano, como ocorreu no final de 2024.

"Não é do interesse de Israel optar por uma agressão em grande escala, porque a resistência defenderá [o Líbano], o Exército defenderá, o povo defenderá", avisou Qassem, que deixou a ameaça aos líderes do país vizinho de que "toda a segurança que construíram em oito meses entrará em colapso numa hora".

O Hezbollah começou a lançar projéteis contra Israel no dia seguinte aos ataques do seu aliado palestiniano Hamas em território israelita, em 07 de outubro de 2023, que provocaram a guerra em curso na Faixa de Gaza.

Os dois movimentos integram o chamado eixo da resistência patrocinado pelo Irão, que inclui também os Huthis do Iémen.

Leia Também: Israel bombardeia alvos do Hezbollah no Líbano

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