"O Ministério da Saúde, a partir do próximo mês, estará a receber um determinado tipo de vacina para garantir que fica de alguma forma em 'stock' para, em casos de prevenção e aconselhamento, possa utilizar, nos casos mais adequados", disse o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, respondendo a perguntas de jornalistas ao fim da reunião semanal daquele órgão, em Maputo.
Até ao momento, as autoridades sanitárias contabilizam 28 casos de mpox na província de Niassa, norte do país, o epicentro do surto, e um na província de Maputo, sul de Moçambique, além de 170 suspeitos, conforme a última atualização, feita domingo.
Segundo Impissa, o Governo está neste momento a estudar o tipo de medicamento a adquirir para uma eventual emergência com um provável aumento de casos de mpox no país, frisando, no entanto, que as medidas que têm sido avançadas para conter a doença estão a ser eficazes, com o executivo a apelar ao isolamento dos casos positivos.
As autoridades moçambicanas anunciaram na semana passada um reforço da vigilância fronteiriça, com equipas de rastreio e testagem, para travar a propagação de casos de mpox.
O diretor Nacional de Saúde Pública, Quinhas Fernandes, em conferência de imprensa em Maputo, vincou também a aposta no rastreamento comunitário como melhor método para travar a propagação.
As autoridades sanitárias garantiram também que Moçambique está preparado para lidar com o mpox, com capacidade para 4.000 testes, feitos localmente, tendo já usado mais de 150 neste surto.
"Tratando-se de uma doença infetocontagiosa, há sempre um risco de alastramento, razão pela qual todas as províncias estão em alerta, também já começaram a suspeitar de casos e a testar", disse o coordenador do Centro Operativo de Emergências em Saúde Pública (COESP).
Filipe Murimirgua disse reconhecer melhorias nos processos face ao surto de 2022: "O país está melhor organizado, sobretudo a questão de deteção precoce dos casos. [No surto no Niassa] foi possível detetar os casos com a colaboração dos outros países vizinhos, Malaui, por exemplo, que apoiou na identificação e reporte, que foi bastante útil essa colaboração".
A mpox é uma doença viral zoonótica, identificada pela primeira vez em 1970, na República Democrática do Congo. No atual surto, na África austral, desde 01 de janeiro já foram notificados 77.458 casos da doença, em 22 países, com 501 óbitos.
O primeiro caso de mpox em Moçambique aconteceu em outubro de 2022, com um doente em Maputo. O coordenador do COESP, órgão da Direção Nacional de Saúde Pública, aponta a capacidade de testagem que agora existe nas províncias, com 4.000 testes disponíveis e mil para análises de reagentes para identificar estirpes de casos positivos, como a grande mudança em três anos.
Moçambique tem agora capacidade para testar em todas as capitais de província, através dos laboratórios de Saúde Pública: "Há uma capacidade enorme de testagem. Diria que ainda é subutilizada a nossa capacidade. Todos os casos que estão suspeitos são testados e conseguimos dar os resultados em tempo útil".
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