"O governo interino está empenhado em devolver o poder do Estado ao povo através de eleições pacíficas, justas e transparentes, como parte de uma solução política sustentável", frisou Yunus, num comunicado oficial divulgado na véspera do aniversário da saída de Hasina.
Yunus alertou ainda que "os autocratas derrotados e os seus aliados continuam ativos, conspirando para sabotar" o progresso do seu governo interino, concebido como um caminho para a transição democrática.
"O sacrifício de milhares deu-nos esta rara oportunidade de reforma nacional, que devemos proteger a todo o custo (...) Juntos, construiremos um Bangladesh onde a tirania nunca mais se erguerá", concluiu o Prémio Nobel da Paz, que lidera o governo interino desde agosto de 2024.
Embora Yunus tenha anunciado a sua intenção de convocar eleições em abril de 2026, não foi publicado até à data qualquer calendário, nem foram oferecidas garantias institucionais claras, noticiou a agência Efe
O atraso alimentou a agitação popular, as tensões com a oposição e as especulações sobre a possível saída de Yunus do poder.
Milhares de pessoas manifestaram-se na semana passada em Daca e noutras cidades em comícios liderados por partidos islamistas e novos movimentos emergentes da própria revolta, realçando a crescente agitação popular.
Os protestos terminaram em confrontos, com pelo menos quatro mortos no bastião de Hasina, em Gopalganj, e na intervenção do Exército, que abriu fogo, segundo o governo.
A chamada Revolta de Julho comemora a onda de protestos estudantis e populares que, há um ano, desencadeou a demissão e fuga de Hasina após 16 anos no poder.
Segundo um relatório da ONU, estima-se que até 1.400 pessoas, a maioria estudantes e civis, tenham morrido durante a brutal repressão dos protestos.
Em 10 de julho, um tribunal especial acusou formalmente Hasina de crimes contra a humanidade, após a fuga de uma gravação na qual alegadamente ordenou o fuzilamento de manifestantes.
Hasina permanece fora do país e é considerada foragida pelas autoridades do país do sul da Ásia.
Leia Também: Protestos no Bangladesh depois de queda de avião numa escola