Os deputados do Parlamento Europeu apelaram ainda para "um cessar-fogo imediato e a libertação de todos os reféns israelitas", bem como para a "aplicação da solução de dois Estados, como única forma viável de alcançar uma paz justa e duradoura" entre Israel e os palestinianos, e o "total restabelecimento" da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA) como "organismo legítimo" responsável pela distribuição de ajuda humanitária.
Numa carta dirigida à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao presidente do Conselho Europeu, António Costa, e à Alta Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Kaja Kallas, os eurodeputados apelaram também para a "imposição de medidas abrangentes que visem todos os colonos israelitas, especialmente os violentos, incluindo a revogação da dupla cidadania, quando aplicável, a proibição de viajar e o congelamento de bens".
"Tais medidas são a única forma de acabar com a violência institucionalizada perpetrada pelos colonos. Estamos a assistir ativamente a uma campanha estatal em grande escala que visa a aniquilação do povo palestiniano, que vai desde a fome e o bombardeamento de Gaza até à perseguição sistemática e à desapropriação das comunidades da Cisjordânia pelos colonos ilegais", sustentaram, acrescentando que Bruxelas "deve agir de forma decidida, defendendo os seus valores fundamentais e cumprindo as suas obrigações nos termos do Direito Internacional".
A missiva, uma iniciativa da eurodeputada socialista espanhola de origem libanesa Hana Jalloul Muro e assinada por eurodeputados dos grupos Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D), Os Verdes, Esquerda e Renovar a Europa, expressa a sua "profunda condenação pelo acentuado aumento da violência perpetrada pelos colonos israelitas na Cisjordânia", depois de, nos últimos dias, um deles ter assassinado a tiro Odeh Hadalin, um destacado ativista que ajudou a filmar o documentário vencedor de um Óscar "No Other Land".
Entre os signatários, há quatro eurodeputados socialistas portugueses: Marta Temido, Bruno Gonçalves, Carla Tavares e André Franqueira Rodrigues.
"A escalada dos ataques de colonos israelitas ocorre no contexto de decisões políticas recentes que incentivam explicitamente tais ações. A 23 de julho de 2025, o Knesset - o parlamento israelita - aprovou uma moção (não-vinculativa) que apoiava a anexação da Cisjordânia", referiu o mesmo texto.
Este recorda também que, desde 07 de outubro de 2023, mais de 1.000 palestinianos foram mortos e mais de 7.000 ficaram feridos na Cisjordânia, ao passo que na Faixa de Gaza "o uso da ajuda humanitária como arma causou a fome em massa e a morte de mais de 60.000 pessoas", no "mesmo período em que 1.139 israelitas perderam a vida".
Bruxelas precisa de uma maioria de 15 Estados-membros que representem pelo menos 65% da população do bloco comunitário europeu para conseguir aprovar qualquer medida e, neste momento, não tem consenso suficiente para o fazer.
Um número significativo de Estados-membros, liderado pela Alemanha, tem-se esquivado até agora a apoiar a aprovação de medidas, enquanto aguarda uma análise da evolução da situação, esperando que Israel permite o aumento da distribuição de ajuda aos palestinianos, em cumprimento do acordo humanitário com a UE.
Leia Também: Ucrânia. Parlamento Europeu considera corrupção "uma questão premente"