"Apelamos a todos os que estão envolvidos na elaboração e aplicação desta política para que parem! Não dêem ou obedeçam a ordens ilegais! Não cometam crimes de guerra! Não renunciem aos princípios da moral humana e aos valores do judaísmo! Parem a guerra. Libertem os reféns", refere o texto da petição publicada nos meios de comunicação israelitas.
O mesmo documento sustenta que os cidadãos de Israel também têm responsabilidade pelos acontecimentos na Faixa de Gaza.
"Como homens e mulheres da cultura e da arte em Israel, encontramo-nos, contra a nossa vontade e os nossos valores, cúmplices, como cidadãos israelitas, da responsabilidade pelos horríveis acontecimentos na Faixa de Gaza", segundo o texto.
Numa sociedade dividida, parte do mundo cultural israelita protestou contra a iniciativa e, numa reação na rede social X, o ministro da Cultura de Israel, Miki Zohar, pediu aos peticionários que se "retratassem".
O ministro pediu ainda que os artistas seguissem o exemplo do cantor e ator Idan Amedi e da atriz Moran Attias "que encarnam a lucidez e o patriotismo israelita que, infelizmente, [os peticionários] perderam há muito tempo".
Idan Amedi, conhecido pelo seu papel na série de sucesso internacional "Fauda", descreveu os artistas signatários da petição como "propagadores de notícias falsas", criticando-os por estarem "fora de contacto" com a realidade da guerra.
O cantor e ator ficou gravemente ferido, com o corpo queimado, em janeiro de 2024, em Gaza, onde combatia como militar de reserva.
"Entrem num túnel por um momento. Lutem, nem que seja por um dia, como dezenas de milhares de reservistas e depois assinem petições", escreveu Idan Amedi nas redes sociais.
Entre os signatários da petição encontram-se artistas de todas as áreas, como os escritores Zerouya Shalev e Etgar Keret, as cantoras Ahinoam Nini e Hava Alberstein, o realizador Nadav Lapid, o ator Shlomi Elkabetz e o coreógrafo residente da companhia de dança Batsheva, Ohad Naharin.
O texto é também assinado pelo escritor David Grossman, autor de "Coração Pensante", que descreveu a guerra em Gaza como um "genocídio" numa entrevista publicada a 01 de agosto pelo diário italiano La Repubblica.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada por ataques ao território israelita, realizados por vários grupos liderados pelo Hamas em outubro de 2023. Esses ataques causaram, segundo as autoridades israelitas, cerca de 1.200 mortos, além de cerca de 250 reféns.
Em retaliação, Israel prometeu extinguir o Hamas e tem bombardeado e atacado por terra a Faixa de Gaza desde então, causando, até agora, mais de 60.300 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde palestiniano, controlado pelo Hamas, mas considerados fiáveis pela ONU.
Além disso, bloqueou a entrada no enclave de bens essenciais como alimentos, água, medicamentos e combustível e forçou a deslocação de centenas de milhares de pessoas.
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