"Até às 18h30 horas de hoje (16h30 em Lisboa), a Comissão tinha documentado dez mortes, 29 feridos, dois casos de rapto e 37 detenções em 17" dos 47 condados do país, lê-se num comunicado da KNCHR, um organismo regulador autónomo criado por lei.
A Comissão registou igualmente "grandes barricadas policiais nas principais estradas e pontos de acesso, perturbando gravemente a circulação de pessoas, especialmente em Nairobi", embora tenham sido registados "bloqueios adicionais" em cidades como Kiambu, Meru, Kisii, Nyeri, Nakuru e Embu.
Hoje assinala-se no Quénia o dia "Saba Saba" ("Sete, Sete" em suaíli, correspondente ao dia 07 de julho) em que ocorreu uma manifestação, em 1990, que exigiu a adoção do sistema político multipartidário e que pôs fim ao governo autocrático do então chefe de Estado Daniel Moi.
A polícia do Quénia bloqueou estradas e mobilizou um forte dispositivo na capital, Nairobi, devido à organização dos protestos.
As últimas manifestações em Nairobi têm ficado marcadas pela violência policial, mortes e pilhagens.
Este ano, as celebrações foram concertadas com manifestações previstas em todo o país contra a estagnação económica, a corrupção e a brutalidade policial.
O atual chefe de Estado, William Ruto, eleito em 2022 e que prometeu defender a população desfavorecida, tem sido criticado pela oposição e organizações de direitos humanos.
As manifestações ocorridas no passado dia 25 de junho foram reprimidas pelas autoridades tendo os confrontos causado 19 mortos e 500 detidos.
Os protestos do dia 25 de junho destinavam-se a homenagear as dezenas de vítimas do movimento de cidadãos organizado em 2024 contra um projeto de aumento de impostos.
Nesse dia, os manifestantes entraram em confronto com a polícia.
Milhares de estabelecimentos comerciais do centro de Nairobi foram pilhados.
Os manifestantes acusaram as autoridades de pagarem a grupos armados para desacreditarem os movimentos da sociedade civil, enquanto o Governo comparou os protestos a uma "tentativa de golpe" de Estado.
A violência policial afetou a imagem do Quénia, país da África Oriental com uma população de cerca de 55 milhões de habitantes.
A repressão dissuadiu muitas pessoas de se manifestarem, nomeadamente mulheres, na sequência de relatos de violações sexuais ocorridas durante os últimos protestos.
No domingo, um grupo armado atacou a sede da Comissão Queniana dos Direitos Humanos, que realizava uma conferência de imprensa em que apelava ao fim da brutalidade policial.
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