Falando na II Conferência de Energia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que começou hoje e se prolonga até quarta-feira, no Centro de Congressos do Estoril, em Cascais, Zacarias da Costa destacou que os Estados-membros "detêm ativos estratégicos únicos - quer em recursos fósseis, quer em fontes renováveis - e estão distribuídos por quatro continentes, com posicionamentos geoestratégicos de grande relevância".
Essa relevância, salientou, não se deve apenas à diversidade e complementaridade desses recursos, mas sobretudo "à partilha de uma visão comum, expressa em língua portuguesa, que combina soberania energética, justiça climática e desenvolvimento sustentável".
"A nossa diversidade é, pois, uma força. A nossa língua comum, uma ponte. E a nossa coesão, um trunfo diplomático", concluiu.
No entanto, advertiu, para se posicionar a nível global, a CPLP precisa de "reforçar a sua presença e capacidade de intervenção nos grandes fóruns globais da energia e do clima", bem como de "projetar uma narrativa comum, coesa e propositiva, que defenda os interesses dos [Estados-membros], promova a justiça energética e contribua para uma transição inclusiva e equitativa".
Zacarias da Costa deixou "três sugestões concretas", nomeadamente a de a CPLP fomentar uma diplomacia energética lusófona ativa junto de fóruns internacionais como a IRENA (Agência Internacional para as Energias Renováveis), as COP, e a ONU-Energia, "com uma voz coordenada (...) sobre transição energética, acesso universal e financiamento climático".
Além disso, deve "concretizar a criação de uma Rede de Energia da CPLP", envolvendo instituições públicas, empresas, centros de investigação e agências reguladoras, "para facilitar a partilha de boas práticas, projetos conjuntos e transferência de tecnologia".
Finalmente, "aprofundar parcerias" com os seus Observadores Associados e Consultivos, "muitos dos quais têm capacidade técnica e financeira para se tornarem aliados estratégicos em investimentos e capacitação", acrescentou.
"O contexto internacional exige soluções colaborativas. E a CPLP pode e deve ser um espaço de referência para uma transição energética inclusiva e equitativa, onde a língua portuguesa se torne também idioma da inovação, da regulação e da sustentabilidade energética", concluiu.
A II Conferência de Energia da CPLP começou hoje e prolonga-se até 28 de maio, no Centro de Congressos do Estoril, em Cascais, Portugal.
A II Conferência de Energia da CPLP, é apresentada como, além de um momento de partilha dos últimos desenvolvimentos e projetos âncora das transições energéticas de cada Estado-Membro, espaço para promover novas parcerias e oportunidades de investimento e financiamento.
Promovida pelo Governo de São Tomé e Príncipe, que detém a Presidência em exercício da CPLP, e organizada pela Comissão Temática de Energia e Clima dos Observadores Consultivos da CPLP, coordenada pela Associação Lusófona de Energias Renováveis (ALER) e pela Associação de Reguladores de Energia dos Países de Língua Oficial Portuguesa (RELOP), a conferência conta com o apoio institucional da CPLP e do Ministério do Ambiente e Energia de Portugal, e com a parceria da Agência para a Energia de Portugal e da Câmara Municipal de Cascais.
Foi durante a Presidência em exercício de Timor-Leste, em 2015, que teve lugar a primeira edição da Conferência de Energia da CPLP.
Dez anos depois, à margem da III Reunião de Ministros de Energia da CPLP, que decorreu segunda-feira, a II Conferência de Energia da comunidade será o ponto de encontro de governantes, financiadores, empresários e especialistas do setor de energia.
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