O candidato da Confederação, que obteve na primeira volta no domingo 14,8% dos votos, poderá ter uma palavra decisiva na escolha final entre o atual presidente da Câmara de Varsóvia, o liberal europeísta Rafal Trzaskowski, apoiado pela principal força no Governo, e o historiador independente Karol Nawrocki, que recebeu o apoio do principal partido de oposição, nacionalista e conservador.
Nenhum destes candidatos obteve a metade dos votos necessária para ganhar à primeira volta e ambos ficaram separados por uma curta diferença, com Trzaskowski a alcançar 31,36% e Nawrocki 29,54%.
Além do confronto no YouTube, Mentzen anunciou que irá apresentar um plano de oito pontos que inclui a recusa de aumento de impostos, da adoção do euro e do envio de tropas para a vizinha Ucrânia. O documento, que os candidatos finalistas terão de assinar, defende ainda o acesso de polacos às armas.
"Aqueles que não comparecerem ao debate não poderão queixar-se mais tarde se não vencerem a segunda volta das eleições presidenciais", afirmou num discurso em Varsóvia.
Mentzen, 38 anos, que é apoiado maioritariamente por eleitores jovens, espera que o futuro Presidente "não assine uma lei que ratifique a adesão da Ucrânia à NATO", recuse "qualquer transferência de poderes" das autoridades polacas para órgãos da União Europeia (UE) e não assine novos tratados europeus que, no seu entendimento, possam enfraquecer o país.
"Não há melhor maneira de conquistar os meus eleitores do que aparecer nas minhas redes sociais. (...) Se se preocupam com os seus votos, então venham e convençam-nos", apelou.
Em resposta, Karol Nawrocki, aceitou de imediato o desafio do candidato de extrema-direita.
"Aceito o convite e estou pronto para assinar as propostas", disse na rede o candidato apoiado pelo partido Lei e Justiça (PiS), a mesma família do atual chefe de Estado, Andrzej Duda, que atingiu o limite de mandatos.
Sem indicar claramente se aceitará o repto do populista, Rafal Trzaskowski comentou, por seu lado, que está pronto para discutir com os eleitores dos seus adversários e que até concorda com algumas das ideias de Mentzen.
"Penso que não haverá problema aqui", disse aos jornalistas o candidato da Plataforma Cívica (PO), a força política dominante na coligação governamental, chefiada pelo antigo presidente do Conselho Europeu Donald Tusk.
Em jogo no dia 01 de junho está mais do que a presidência, sendo também um teste para a coligação liberal pró-europeia que, em outubro de 2023, derrubou oito anos consecutivos de governação nacionalista e conservadora do PiS, acusado também de deriva autoritária.
Na perspetiva das forças no Governo, uma vitória do autarca de Varsóvia significaria derrubar o último bastião do PiS e também o poder de veto que Andrzej Duda tem usado amplamente para condicionar a agenda do executivo.
No polo oposto, o triunfo de Karol Nawrocki representaria um novo alento para os conservadores nacionalistas no seu caminho de regresso ao poder, após sucessivos desaires eleitorais.
O primeiro-ministro alertou nas redes sociais que as próximas duas semanas vão determinar o futuro da Polónia.
"Nem um passo atrás", declarou Donald Tusk.
No domingo, mais de 20% dos eleitores optaram por candidatos da extrema-direita, cujas visões conservadoras e nacionalistas são mais radicais do que as ideias de Nawrocki, mas, somados todos os votos, valem neste momento mais de metade do eleitorado.
Além de Mentzen, o controverso candidato de ultradireita Grzegorz Braun, que acumula acusações de antissemitismo e ações de provocação, obteve mais de 6%.
Em sentido contrário, os candidatos das restantes forças no Governo ficaram muito abaixo do esperado e obtiveram resultados modestos, podendo não serem suficientes para vencer a direita e extrema-direita
Leia Também: Polónia inicia corrida para segunda volta com "dois países" em confronto