"Trump e o seu governo estão a tentar destruir a capacidade das universidades norte-americanas de gerar novas tecnologias com estupidez e teremos de depender cada vez mais da Europa", afirmou o astrofísico numa conferência de imprensa em Santiago de Compostela, cidade espanhola onde se encontra a convite do programa de divulgação científica ConCiencia da universidade local.
Segundo Kip Thorne, Trump não percebe que "está a destruir as incubadoras tecnológicas do século XXI" na sua cegueira de "destruir as universidades", que considera "viveiros de políticas liberais".
Nesse sentido, o cientista defendeu que a Europa devia aproveitar a oportunidade para "investir em recursos e fortalecer" as suas universidades, tal como "os Estados Unidos fizeram, especialmente ao nível da investigação em física e da engenharia, atraindo cientistas refugiados do regime nazi durante a Segunda Guerra Mundial".
O astrofísico elogiou a postura do Presidente francês, Emmanuel Macron, de adotar medidas para favorecer o acolhimento de cientistas norte-americanos descontentes com os cortes orçamentais de Trump às universidades.
Segundo a revista científica Nature, 75% dos cientistas norte-americanos ponderam abandonar o país, depois da administração Trump ter cortado o financiamento da investigação e interrompido "grandes áreas de ciência financiadas pelo Governo federal como parte de uma iniciativa de corte de despesas liderada pelo bilionário Elon Musk".
No dia 17 de abril, a Universidade de Aix-Marseille, no sul de França, anunciou a chegada no início de junho dos primeiros investigadores norte-americanos que responderam ao seu apelo para a transferência daqueles cuja liberdade académica pudesse estar ameaçada pelas políticas de Donald Trump.
A universidade explicou, em comunicado, que recebeu "298 candidaturas, das quais 242 eram elegíveis e estão atualmente em análise", e entre estas candidaturas, a maioria veio de cidadãos norte-americanos (135) ou com dupla nacionalidade (45).
Em Portugal, a NOVA Medical School - Faculdade de Ciências Médicas anunciou na segunda-feira o lançamento de um programa para "atrair investigadores internacionais de excelência".
Em declarações à agência Lusa a diretora da faculdade, Helena Canhão, explicou que o programa é lançado nesta altura tendo em conta a situação nos Estados Unidos, cujo governo cortou financiamento da investigação, embora seja aberto também a investigadores de outros países.
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