As comemorações, programadas para durar quatro dias, começaram com a leitura de excertos de um discurso proferido em 08 de maio de 1945 pelo antigo primeiro-ministro Winston Churchill.
Um desfile militar com fanfarra reuniu mais de mil membros das forças armadas britânicas. Onze soldados ucranianos, convidados como sinal de apoio a Kyiv na guerra contra a Federação Russa, marcharam também atrás da bandeira, assim como cerca de meia centena de tropas da NATO.
Rodeado de membros da família real, Carlos III, em tratamento de um cancro há 15 meses, cumprimentou a multidão a partir da varanda do Palácio de Buckingham, onde contemplou o sobrevoo de aeronaves militares, culminando na exibição acrobática aérea das Flechas Vermelhas, que deixaram um rasto tricolor no céu.
Carlos III já tinha comparecido no desfile com a rainha consorte, Camila, o príncipe William e a mulher Catherine, bem como os três filhos, George, Charlotte e Louis.
O primeiro-ministro, Keir Starmer, também esteve presente, juntamente com cerca de 20 veteranos, muitos dos quais com mais de 100 anos, recebidos durante a tarde para um chá.
Milhares de pessoas, das quais algumas que pernoitaram no local na última noite, juntaram-se ao longo do percurso do desfile, decorado com bandeiras britânicas.
"É um imperativo moral estar aqui, especialmente neste período de guerra", comentou Patrick Beacon, de 76 anos, proveniente de Coventry, no centro do país, com a mulher Catherine, numa alusão ao conflito na Ucrânia.
"É tão emocionante estar aqui hoje, 80 anos de paz e serenidade. Não sei se conseguimos medir o que isto representa", prosseguiu.
Já Martin Rizcki ficou comovido ao ouvir as palavras de Churchill, assinalando "a coragem de uma geração inteira".
Numa Europa em alerta com a guerra na Ucrânia em curso, "a paz nunca deve ser considerada como garantida", declarou Carlos III, em 09 de abril, perante o parlamento italiano, apontando "os ecos de uma era que se esperava ardentemente que tivesse sido relegada para o passado".
A família real vai participar em vários eventos comemorativos entre hoje e quinta-feira e, após uma polémica entrevista do príncipe Harry à BBC na sexta-feira, indicou que espera não haver nada que impeça "a celebração com entusiasmo desta preciosa vitória e destas almas corajosas".
Em 08 de maio de 1945, foi da mesma varanda do Palácio de Buckingham que o rei Jorge VI, a rainha Isabel, as filhas Isabel e Margarida, junto de Winston Churchill, cumprimentaram dezenas de milhares de londrinos, celebrando o que o ex-primeiro-ministro britânico chamou o "Dia da Vitória na Europa".
Naquela data, as duas princesas, na altura com 19 e 14 anos, foram autorizadas a abandonar o palácio para se juntarem incógnitas à multidão, no que Isabel descreveria, 40 anos depois e já como rainha, como "uma das noites mais memoráveis" ?da sua vida.
Para as celebrações dos 80 anos, os britânicos foram também convidados a participar em centenas de festas, piqueniques, exposições e comemorações por todo o país.
"Temos uma dívida de gratidão para com aqueles que estão dispostos a fazer o maior sacrifício pelo nosso país", declarou Starmer, que serviu chá numa pequena festa nos arredores de Downing Street.
Na terça-feira, a rainha Camila visitará a Torre de Londres e uma instalação com cerca de 30 mil papoilas de cerâmica, em homenagem às vítimas da guerra, e muitos edifícios, incluindo o Palácio de Westminster, serão iluminados ao anoitecer.
As comemorações serão encerradas na quinta-feira com um minuto de silêncio em todo o país, às 11:00 (mesma hora em Lisboa) e uma cerimónia de ação de graças na abadia de Westminster, com a presença da família real, antes de um concerto na Horse Guards Parade em Londres.
Os 'pubs' foram autorizados a fechar duas horas mais tarde, como parte das comemorações.
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