Magnus Brunner planeia deslocar-se à Líbia na próxima semana, acompanhado por representantes governamentais da Grécia, Itália e Malta, com o objetivo de exigir medidas mais rigorosas às autoridades líbias para travar a saída de embarcações com migrantes rumo à Europa.
"Trata-se de uma questão que, de facto, nos preocupa bastante neste momento. A Líbia está, naturalmente, no topo da nossa agenda, e vamos juntos à Líbia na próxima semana porque é necessário agir com rapidez e firmeza", afirmou Brunner durante uma conferência em Atenas.
O comissário europeu, que abordou a questão numa reunião com o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, adiantou que a delegação deverá reunir-se com representantes tanto do Governo líbio reconhecido pelas Nações Unidas, com sede em Tripoli, como da autoridade rival no leste.
A Grécia anunciou recentemente planos para enviar navios de guerra para águas internacionais na região, após um aumento das travessias a partir da Líbia com destino à ilha grega de Creta -- uma rota considerada mais perigosa do que a travessia mais frequente entre a Turquia e as ilhas gregas vizinhas.
Em 2023, centenas de pessoas morreram quando o arrastão de pesca "Adriana", que transportava migrantes da Líbia para Itália, naufragou ao largo das águas gregas.
Na segunda-feira, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) indicou que, desde o início de 2025, foram resgatados 11.526 migrantes, 382 dos quais crianças, tendo sido devolvidos ao território líbio.
Nas estatísticas desta rota marítima, e relativas ao mesmo período, foram contabilizadas 265 mortes e 277 desaparecidos.
A Líbia tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes, sobretudo africanos e árabes, que tentam alcançar a Europa através do Mar Mediterrâneo. Este ano, o país voltou a ser o principal ponto de partida na rota do Mediterrâneo Central, que abrange também a Argélia e a Tunísia e tem como principais destinos as costas italianas e maltesas.
Devido à situação do país, imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, a Líbia tornou-se igualmente um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes e de situações de sequestro, tortura e violações.
A OIM impulsionou um programa de retorno voluntário assistido (RVA) que, segundo a agência que integra o sistema da ONU, "serviu como corda de salva-vidas" para os migrantes que procuram regressar voluntariamente às suas casas.
De acordo com os últimos dados publicados pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o número de refugiados e requerentes de asilo na Líbia superou as 92 mil pessoas, a maioria proveniente do Sudão.
Em 2025, das 29.705 pessoas migrantes que chegaram às costas italianas vindas do norte de África, 26.893 partiram da Líbia.
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