A porta-voz do governo iraniano, Fatemeh Mohajerani, reconheceu que Fordo, Isfahan e Natanz -- principais locais do programa nuclear iraniano - foram "seriamente danificados" pelos ataques, em declarações à agência de notícias estatal iraniana IRNA.
Este reconhecimento surgiu quando Teerão começa a admitir a dimensão dos danos causados pela guerra de 12 dias com Israel, que destruiu as defesas iranianas em ataques aéreos.
Simultaneamente, o Irão mantém a porta aberta para conversações com os Estados Unidos e demonstra querer evitar mais impactos económicos no país à medida que se aproxima um novo prazo para novas sanções da ONU.
"Não foi anunciada qualquer data [para as conversações com os EUA], e provavelmente não será muito em breve, mas não foi tomada qualquer decisão neste domínio", acrescentou Mohajerani.
Estas declarações vieram contradizer o chefe da diplomacia do Irão, que tinha afastado, na segunda-feira, a hipótese de uma rápida retoma das negociações com os EUA sobre o programa nuclear iraniano, reiterando que Teerão precisa primeiro de garantir que Washington não lança novos ataques.
Os ataques aéreos israelitas, com início a 13 de junho, visaram altas patentes da Guarda Revolucionária do Irão e atacaram o arsenal de mísseis balísticos.
Os ataques também atingiram as instalações nucleares do Irão que, segundo Israel, estavam a desenvolver armas nucleares.
Na segunda-feira, o porta-voz do poder judicial iraniano, Asghar Jahangir, apresentou um número muito superior de mortos na guerra do que divulgado anteriormente pelo Governo: 935 "cidadãos iranianos", incluindo 38 crianças e 102 mulheres, mortos.
Entretanto, as autoridades iranianas estão a avaliar os danos causados pelos ataques norte-americanos às três instalações nucleares em 22 de junho, incluindo as de Fordo, instalação construída sob uma montanha a cerca de 100 quilómetros a sudoeste de Teerão.
Imagens de satélite do Planet Labs PBC analisadas pela agência de notícias Associated Press (AP)mostram funcionários em Fordo na segunda-feira, enquanto imagens captadas no domingo pela Maxar Technologies mostram camiões, bem como pelo menos uma grua e uma escavadora no local.
Segundo a AP, é provável que os túneis tenham sido tapados pelo Irão antes dos ataques para proteger as instalações. O Irão não disse que trabalho está a ser feito nesses locais, embora tenha dito que a Organização de Energia Atómica do Irão planeava publicar um relatório sobre os danos causados pelos ataques.
Na segunda-feira, quando questionado sobre as declarações do líder da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, que previu que o Irão teria capacidade técnica para retomar o enriquecimento de urânio dentro de "alguns meses", o chefe da diplomacia do Irão, Abbas Araqchi respondeu que "não se pode destruir a tecnologia e a ciência do enriquecimento através dos bombardeamentos".
"Se tivermos a vontade de voltar a progredir neste setor, e essa vontade existir, podemos reparar rapidamente os danos e recuperar o tempo perdido", acrescentou Araqchi.
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