Poucas horas após os ataques com mísseis russos, que provocaram danos nas representações diplomáticas da Albânia, da Argentina, da Autoridade Palestiniana, da Macedónia do Norte, de Portugal e de Montenegro, o porta-voz da diplomacia ucraniana, Heorhii Tykhyi, classificou os acontecimentos como "uma violação de todas as linhas vermelhas possíveis".
"Em qualquer parte do mundo, isto representa uma violação de todas as linhas vermelhas possíveis e das regras internacionais -- são ataques a missões diplomáticas", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia.
E acrescentou: "Com estes ataques a instituições diplomáticas, a Rússia está apenas a reafirmar o seu estatuto de um bárbaro absoluto".
No balanço que fez sobre "mais um ataque traiçoeiro com cinco mísseis balísticos" contra Kyiv, a diplomacia ucraniana indicou que nenhum diplomata estrangeiro sofreu ferimentos.
Durante as mesmas declarações, o porta-voz mostrou fotos para exemplificar como o edifício, que alberga várias representações diplomáticas, "sofreu danos significativos".
"As instalações tiveram janelas partidas, portas danificadas e fragmentos do teto destruídos", enumerou, indicando ter sido um "lembrete da agressão bárbara da Rússia contra a Ucrânia, particularmente para as populações destes países".
"É também um lembrete de que esta agressão deve terminar com uma paz justa, que só pode ser alcançada através da força e da união de esforços internacionais para fortalecer a Ucrânia e aumentar o custo da guerra para o agressor", concluiu.
O Governo português condenou de maneira "veemente os ataques desta madrugada", que "causaram danos materiais em diversas missões diplomáticas, incluindo a chancelaria da embaixada de Portugal", referiu um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros divulgado hoje de manhã.
O Palácio das Necessidades acrescentou que um representante da Federação Russa "foi já chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para que seja apresentado um protesto formal junto" de Moscovo.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que os danos registados constituem um precedente de violação do direito internacional perante o qual Portugal se viu obrigado a reagir com firmeza.
"Portugal não tinha outra solução se não reagir, e reagir com firmeza e imediatamente, porque é um precedente que se traduz numa violação de regras de direito internacional", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa em declarações à comunicação social em Cascais.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, exigiu o "estrito respeito" pelo direito internacional, agradecendo a solidariedade europeia depois do ataque russo a Kyiv, Ucrânia, que teve "um impacto intolerável" sobre as instalações diplomáticas portuguesas.
"Diante de mais um horrível ataque da Rússia sobre Kyiv, agora com um impacto intolerável sobre instalações diplomáticas portuguesas, agradeço a solidariedade europeia da Presidente da Comissão [Ursula von der Leyen] e da Alta Representante [Kaja Kallas]", afirmou Luís Montenegro, numa publicação na rede social X.
Também o presidente do Conselho Europeu, António Costa, considerou "inaceitável" este ataque, enquanto a líder da Comissão Europeia afirmou que o "desrespeito de [Presidente russo, Vladimir] Putin pela lei internacional atingiu um novo patamar".
[Notícia atualizada às 17h26]
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