O presidente do Sporting, Frederico Varandas, foi condenado, esta quarta-feira, a pagar 12.200 euros pelo crime de difamação contra o (na altura) presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, a quem chamou "bandido".
Varandas marcou presença no tribunal, através de videoconferência, e viu ser-lhe aplicada uma multa de 7.200 euros por difamação, mais 5.000 euros de compensação aos herdeiros de Pinto da Costa.
Em causa está uma declaração proferida em outubro de 2020: "Todos os portugueses merecem que isto seja dito: pode ter um grande sentido de humor, ser uma pessoa acima da média culturalmente e um currículo com muitas vitórias, mas um bandido será sempre um bandido e, no final, um bandido será sempre recordado como um bandido", afirmou o dirigente sobre o homólogo, recordando, uma vez mais, o caso das escutas do Apito Dourado, em que Pinto da Costa esteve envolvido.
Agora, em tribunal, o presidente leonino defendeu-se sustentando que apenas respondeu às palavras de Pinto da Costa, que 'atacou' a forma como este liderava o clube de Alvalade: "No dia em que Frederico Varandas se dedicar à medicina, presta um grande serviço ao Sporting", disse o antigo presidente dos dragões num programa do Porto Canal.
Foi, no entanto, dado como provado que Varandas "extravasou a proporcionalidade e os limites da liberdade de expressão" e que este "não queria mais do que o enxovalho da pessoa".
O presidente do Sporting já anunciou que vai recorrer para o Tribunal da Relação do Porto.
Relação tensa teve mais uma episódio após morte de Pinto da Costa
Em fevereiro deste ano, Pinto da Costa morreu, aos 87 anos, fruto de um cancro na próstata. Benfica e Sporting não manifestaram condolências ao antigo dirigente, que esteve durante 42 anos na liderança do FC Porto.
"Fez-se muito mais barulho do que estava à espera. Fiquei surpreendido. Não se deve misturar as questões pessoais com as institucionais. O nosso silêncio foi uma questão institucional, não teve nada a ver com o presidente do Sporting, mas sim com a instituição Sporting Clube de Portugal. Se o Sporting não se identifica com alguém que, em vida, prejudicou seriamente o clube, a indústria do futebol e que não representa os nossos valores, seria uma hipocrisia mudar o que penso desse senhor, apenas por ele ter morrido. Não sou hipócrita e nunca vou ser. Vou estar sempre do lado dos valores e princípios que defendo. Sei que muita gente não gosta bem de mim, mas é para o lado que durmo melhor. Nunca vou abdicar da forma de estar para que digam que sou simpático. Institucionalmente, o Sporting seria hipócrita e o Sporting não é hipócrita", justificou Frederico Varandas em entrevista à Sporting TV.
O silêncio dos rivais de Lisboa causou incómodo em André Villas-Boas, sucessor de Pinto da Costa. "O FC Porto regista a ausência de um cuidado semelhante por parte da direção de alguns clubes, indigno das instituições que representam, revelando-se incapazes de cultivar princípios elementares de relacionamento institucional, razoabilidade e bom senso - valores fundamentais para o desenvolvimento do desporto português e para a boa relação entre clubes. Dessa ferida que agora se abre, perde o futebol português e perdem sobretudo os seus adeptos. O FC Porto continuará a ganhar dentro e fora do campo. Outros - por medo, insegurança ou sobranceria - continuarão a acumular derrotas", pode ler-se no comunicado oficial emitido pelo clube nortenho no dia 17 de fevereiro.
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