Dos 104 deputados presentes, 84 votaram a favor da chamada "lei russa" e contra o veto imposto em 18 de maio pela Presidente, a pró-europeia Salome Zurabishvili.
A maioria dos deputados da oposição abandonou o hemiciclo no momento da votação, noticiou a agência francesa AFP.
A possibilidade de o veto ser ultrapassado causou preocupações no Ocidente e grandes protestos em Tbilissi durante semanas.
Hoje mesmo, durante a votação, ocorreram novas manifestações contra a lei nas imediações do Parlamento, segundo a agência espanhola Europa Press.
Com bandeiras da União Europeia (UE) e da Geórgia, os manifestantes voltaram a defender que a reforma legislativa afasta ainda mais o país do caminho da integração europeia, algo para que a Comissão Europeia também alertou.
O Parlamento é controlado pelo partido no poder, o Sonho Georgiano.
A Presidente tem agora cinco dias para aprovar o projeto de lei. Se não o fizer, o presidente do Parlamento assiná-lo-á como lei, de acordo com a agência norte-americana AP.
O projeto de lei exige que os meios de comunicação social e as organizações não-governamentais (ONG) se registem como executoras dos "interesses de uma potência estrangeira" se receberem mais de 20% do orçamento do estrangeiro.
É semelhante a uma lei em vigor na Rússia que tem sido usada pelo regime do Presidente Vladimir Putin para silenciar a comunicação social crítica e os dissidentes.
Zurabishvili e outros críticos consideram que a lei irá restringir a liberdade dos meios de comunicação social e dificultar as hipóteses de a Geórgia aderir à UE.
A lei gerou um braço-de-ferro entre a Presidente e o Sonho Georgiano, com Zurabishvili a acusar o partido governamental de pôr em risco o futuro do país.
Para a chefe de Estado, está em causa o caminho para a Geórgia "se tornar um membro de pleno direito do mundo livre e democrático".
A "lei russa" da Geórgia foi aprovada pela maioria governamental no Parlamento por 84 votos contra 30, em 14 de maio, e vetada pela Presidente quatro dias depois.
A Geórgia, uma antiga república soviética, formalizou o pedido de adesão à UE em março de 2022, pouco depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia.
Antes da invasão de 22 de fevereiro, a Rússia exigiu garantias por tratado de que a Ucrânia e a Geórgia nunca se tornariam membros da NATO (siga inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte).
A NATO recusou dar tais garantias e reafirmou a política de "portas abertas" da aliança de defesa ocidental.
[Notícia atualizada às 17h14]
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