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Assembleia Nacional francesa condena massacre de argelinos em 1961

A Assembleia Nacional francesa aprovou hoje uma proposta de resolução que "condena a sangrenta e mortífera repressão de argelinos" perpetrada em Paris sob a autoridade do então diretor da polícia Maurice Papon, a 17 de outubro de 1961.

Assembleia Nacional francesa condena massacre de argelinos em 1961
Notícias ao Minuto

12:35 - 28/03/24 por Lusa

Mundo França

Nos incidentes, que se registaram a pouco mais de cinco meses da assinatura de um acordo de paz, 08 de março de 1962, e no meio de várias versões longe de coincidentes, da polícia a historiadores, morreram entre 30 e 200 argelinos.

No texto é afirmado o desejo de criação de um dia de comemoração do massacre na "agenda dos dias nacionais e cerimónias oficiais francesas". 

O projeto de lei proposto pela ecologista Sabrina Sebaihi e pela deputada renascentista (maioria presidencial) Julie Delpech foi aprovado num parco hemiciclo por 67 deputados, 11 votos contra, vindos das fileiras da União Nacional (extrema direita). 

Na origem do texto, Sebaihi acolheu antecipadamente um "voto pela história", representando a "primeira etapa" do "trabalho pelo reconhecimento deste crime colonial, pelo reconhecimento deste crime de Estado". 

A frase "crime de Estado" não aparece na proposta de resolução, resultante de um meticuloso trabalho de redação com o partido presidencial e o Eliseu para chegar a um texto consensual. 

A Ministra Delegada responsável pelas Autarquias Locais, Dominique Faure, referiu no seu discurso uma manifestação "reprimida com violência pelos serviços que atuavam sob a autoridade do então prefeito de polícia, Maurice Papon", em que, além dos numerosos feridos, "várias dezenas [de pessoas] foram mortas e os corpos jogados no [rio] Sena".

"Vamos hoje nesta plataforma pensar nestas vítimas e nas suas famílias duramente atingidas pelo ciclo de violência", disse Faure, sob o olhar dos representantes dos coletivos que há vários anos imploram por este reconhecimento.

Faure relembrou o trabalho de memória já realizado para reconhecer o massacre, iniciado formalmente em 2012, quando o Presidente francês, François Hollande, prestou "homenagem às vítimas" de uma "repressão sangrenta" que se abateu sobre estas mulheres e homens que se manifestavam pelo "direito à independência".

A 17 de outubro de 2021, o seu sucessor, Emmanuel Macron, declarou que "os crimes cometidos nesse mesmo dia mas de 1961, sob a autoridade de Maurice Papon, são "indesculpáveis para a República".

Faure, no entanto, expressou reservas sobre o estabelecimento de um dia de comemoração, sublinhando que já existiam três datas para "comemorar o que aconteceu durante a guerra da Argélia".

"Ainda há muito a fazer para escrever esta história, mas, na minha opinião, é a única forma de construir uma reconciliação sincera e duradoura. Penso que é importante deixar a história fazer este trabalho antes de considerar um novo dia comemorativo específico para as vítimas de 17 de outubro de 1961", opinou.

A Guerra de Independência Argelina, também conhecida como Revolução Argelina ou Guerra da Argélia, foi um movimento de libertação nacional do domínio francês, que decorreu entre 1954 e 1962, conflito em que morreram mais de 300 mil argelinos e de 27.500 sodados franceses e o êxodo de 900 mil colonos franceses.

A 08 de março de 1962, com a assinatura do Acordo de Evian, terminou a guerra na Argélia. Posteriormente, o tratado de paz seria submetido a referendo ao povo argelino em abril.

Em seguida, a 05 de julho de 1962, foi proclamada a República Democrática e Popular da Argélia. Após a convocação da Assembleia Constituinte, Ahmed Ben Bella, líder da Frente de Libertação Nacional (FLN) e que liderou a luta pela libertação nacional, foi nomeado Presidente.

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