A Trump Media & Technology Group (TMTG) entrou na praça nova-iorquina, onde passou a integrar o índice tecnológico Nasdaq, em 26 de março, através da fusão com uma empresa instrumental, chamada Digital World Acquisition Corp., criada com o único propósito de colocar em bolsa uma outra empresa.
A Efe recorda agora, em artigo assinado por Nora Quintanilla, que a esta empresa instrumental, designada SPAC na sigla em Inglês, passou de valer menos de 50 dólares por ação na véspera de começar a ser cotada para atingir os 70 dólares, depois de fundida com a TMTG.
Depois, houve mesmo umas horas em que chegou aos 79 dólares.
Foi uma boa notícia para Trump, o acionista maioritário, com uma participação em torno dos 60%, se bem que uma cláusula o impeça de vender ações até setembro, o que significa que o seu património está ligado à evolução da cotada e que esse dinheiro está bloqueado no momento em que precisa de liquidez.
Não obstante, os fundamentos financeiros que a TMTG divulgou até agora, e aqueles privilegiados por analistas e investidores, revelam uma imagem nada lisonjeira, com perdas de 58 milhões de dólares em 2023, previsões de resultados negativos futuros e ainda a exposição de fracos controlos internos.
Esta situação tornou a TMTG atrativa para os especuladores conhecidos como 'short-sellers', correspondentes a fundos ou indivíduos que ganham dinheiro com apostas na desvalorização de uma cotada e popularizaram i conceito de 'ação meme', aplicado a títulos voláteis como o GameStop ou o AMC.
Depois de começar o julgamento penal contra o ex-presidente em Nova Iorque, as ações da TMTG caíram 15% e voltaram a cair mais 10%, depois de ter divulgado de apostar na televisão em contínuo.
Em todo o caso, a expectativa com a entrada na bolsa da empresa de Trump, que começou por propulsionar a cotação, deu lugar a uma lógica de privilegiar o dinheiro mais do que a política, o que está a causar dores de cabeça aos diretores da TMTG.
O conselheiro-delegado da empresa, Devin Nunes, um antigo dirigente do Partido Republicano, pediu ajuda aos dirigentes do Nasdaq para enfrentar o que considera ser uma "manipulação" bolsista, acusando quatro firmas, que representam 60% do seu volume de transações.
Uma das visadas, o fundo de investimento Citadel, garantiu que segue a lei e chamou a Nunes "um perdedor proverbial", uma linguagem que tem uma história, uma vez que o dirigente da Citadel, Ken Griffith, apoiou a campanha de Nunes para o Congresso, antes de este a trocar pela Trump Media, e também apoiou Nikki Haley, que disputou com Trump a nomeação republicana para as próximas eleições presidenciais.
Disputas políticas e especulação bolsista à parte, a Trump Media fecha o seu primeiro mês com a ação a 40 dólares e uma capitalização de 5,770 mil milhões de dólares, um ponto intermédio entre o máximo inicial de 70 dólares e o mínimo de 22 dólares que registou quando começou o julgamento.
Trump enfrenta multas elevadas depois dos julgamentos por fraude da Organização Trump e por difamação contra a escritora E. Jean Carroll, bem como despesas com outros processos, sem esquecer a sua campanha como principal candidato republicano à Casa Branca.
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