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"A vitória está próxima". Narges Mohammadi reage após vencer Nobel da Paz

A cumprir pena de prisão, Narges Mohammadi disse estar "mais apaixonada e mais esperançosa" após a distinção.

"A vitória está próxima". Narges Mohammadi reage após vencer Nobel da Paz
Notícias ao Minuto

16:19 - 06/10/23 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo Nobel da Paz

A ativista iraniana Narges Mohammadi que, esta sexta-feira, conquistou o Prémio Nobel da Paz, afirmou que o reconhecimento da sua defesa pelos direitos humanos a tornam "mais esperançosa".

"O apoio global e o reconhecimento da minha defesa dos direitos humanos tornam-me mais decidida, mais responsável, mais apaixonada e mais esperançosa", afirmou numa declaração escrita enviada ao The New York Times.

"Também espero que este reconhecimento torne os iranianos que protestam pela mudança mais fortes e mais organizados. A vitória está próxima", acrescentou.

A ativista prometeu ainda continuar a lutar contra "a discriminação implacável, a tirania e a opressão baseada no género por parte do governo religioso opressivo até à libertação das mulheres".

Recorde-se que a ativista conquistou o Nobel da Paz pela sua "luta contra a opressão das mulheres no Irão" e "pela promoção dos direitos humanos e liberdade para todos".

"A sua luta valente veio com custos pessoais tremendos. O regime iraniano já a deteve 13 vezes, condenando-a 5 vezes a um total de 31 anos de prisão e 154 chicotadas", disse o Comité Norueguês do Nobel.

Narges Mohammadi encontra-se, atualmente, a cumprir pena de prisão.

O prémio da paz deste ano pretende reconhecer "as centenas de milhares de pessoas que, no ano passado, se manifestaram contra as políticas de discriminação e opressão do regime teocrático do Irão contra as mulheres".

"O comité do Nobel espera que o Irão liberte a ativista iraniana de direitos humanos Narges Mohammadi, vencedora do Prémio Nobel da Paz de 2023, para receber o seu prémio em dezembro", disse a presidente do Comité Norueguês, Berit Reiss-Andersen, que anunciou o prémio em Oslo.

"Se as autoridades iranianas tomarem a decisão certa, irão libertá-la para que ela possa estar presente para receber esta honra. É o que esperamos acima de tudo", sublinhou.

Em novembro de 2021, Narges Mohammadi foi presa pelas autoridades iranianas depois de ter estado num evento em memória de uma vítima das manifestações violentas de 2019.

O seu marido, Taghi Rahmani, baseado em Paris, publicou nas redes sociais que a ativista tinha sido julgada em cinco minutos e condenada a prisão e a 70 chicotadas, tendo ainda ficado proibida de comunicar e sem acesso a advogados.

Narges Mohammadi foi enviada para a prisão de Gharchak, perto de Teerão, acusada de "espionagem para a Arábia Saudita".

Em maio do ano passado, a União Europeia apelou ao Irão para reconsiderar a sentença, mas sem sucesso.

Mohammadi foi vice-presidente do Centro dos Defensores dos Direitos Humanos do Irão, entretanto proibido, e é próxima da laureada com o Prémio Nobel da Paz Shinri Ebadi, que fundou o centro.

Em 2018, Mohammadi, que é engenheira, foi galardoada com o prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, atribuído pelo Parlamento Europeu.

É a 19.ª mulher a ganhar o Prémio Nobel da Paz e a segunda iraniana, depois da ativista de direitos humanos Shirin Ebadi ter recebido o Nobel em 2003.

O Irão viu desenvolver-se, no ano passado, uma verdadeira revolução pelos direitos das mulheres, sobretudo depois da morte de uma jovem curda que estava detida pela polícia.

A 16 de setembro, Mahsa Amini, de 22 anos, morreu depois de ter passado três dias sob a custódia da polícia da moralidade iraniana - o último já em coma num hospital em Teerão -, por alegado uso indevido do 'hijab', o véu islâmico, o que constitui uma "violação" ao rígido código de vestuário do país.

As primeiras manifestações eclodiram nas localidades curdas do noroeste, em particular em Saghez, cidade natal de Amini, mas os protestos generalizaram-se a outras cidades.

A repressão às manifestações foi violenta, tendo causado pelo menos 448 mortes de civis, segundo a organização não-governamental Iran Human Rights, com sede em Oslo.

Além disso, cerca de 15 mil pessoas foram presas nas manifestações, duas mil das quais acusadas de vários delitos por participação nos protestos, e pelo menos seis foram condenadas à morte.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU decidiu, apesar da oposição de Teerão e de Pequim, abrir uma investigação internacional sobre a repressão às manifestações.

Leia Também: Nobel para Mohammadi frisa "forte retrocesso" dos direitos das mulheres

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