Milionário russo próximo do Kremlin condenado a 9 anos de prisão nos EUA

Um proeminente empresário russo próximo do Kremlin foi punido hoje nos Estados Unidos com nove anos de prisão por fraude na bolsa de valores, num esquema que envolvia o roubo de informações secretas de lucros através de piratas informáticos.

NÃO USAR

© iStock

Lusa
07/09/2023 18:40 ‧ 07/09/2023 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

Vladislav Klyushin, diretor de uma empresa de tecnologias de informação com sede em Moscovo que trabalhava para os mais altos níveis do Governo russo, foi condenado após um julgamento de duas semanas em fevereiro no tribunal federal de Boston por acusações que incluíam fraude eletrónica e fraude de valores mobiliários, num esquema que reuniu quase cem milhões de dólares (93,4 milhões de euros ao câmbio atual), tendo sido agora sentenciado a nove anos de prisão.

As autoridades dizem que Klyushin embolsou pessoalmente mais de 33 milhões de dólares (cerca de 30,8 milhões de euros) no esquema, que envolvia a intrusão em sistemas de computador para roubar registos relacionados com lucros de centenas de empresas -- incluindo Microsoft e Tesla -- e depois usar essas informações privilegiadas para fazer negócios lucrativos.

Klyushin, 42 anos, está preso nos Estados Unidos desde a sua extradição em 2021, e os mais de dois anos de detenção serão creditados à sua pena de prisão.

O empresário foi preso na Suíça depois de chegar num jato particular e pouco antes de embarcar, juntamente com uma comitiva, num helicóptero com destino a uma estação de esqui próxima. Depois de cumprir a pena, será deportado para a Rússia.

Quatro supostos cúmplices -- incluindo um oficial da secreta militar russa que também foi acusado de interferir nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 -- continuam foragidos à justiça.

Os procuradores tinham pedido 14 anos de prisão para Vladislav Klyushin, alegando que não aceitou nenhuma responsabilidade pelos seus crimes e que chegou a afirmar, assim que cumprisse a pena, iria regressar à Rússia, onde é uma "pessoa poderosa" com amigos nas mais altas esferas de influência do país.

A acusação disse que os 'hackers' (piratas informáticos) roubaram nomes de utilizador e senhas de funcionários de dois fornecedores sediados nos Estados Unidos que empresas de capital aberto usam para fazer registos na Comissão de Valores Mobiliários. Depois invadiram os sistemas de computadores dos fornecedores para obter registos antes de se tornarem públicos.

Munidos com informações privilegiadas, conseguiram enganar o mercado de ações, comprando ações de uma empresa que estava prestes a divulgar resultados financeiros positivos e vendendo ações de uma empresa que estava prestes a apresentar resultados financeiros maus, segundo os termos da acusação.

Klyushin negou o envolvimento no esquema e o seu advogado disse aos jurados no tribunal que ele era financeiramente bem-sucedido muito antes de começar a negociar ações e que continuou a negociar em muitas daquelas empresas, mesmo depois de o acesso às supostas informações privilegiadas ter sido interrompido quando foram descobertos os 'hackers'.

A defesa pediu clemência ao tribunal, dizendo que Klyushin não tinha antecedentes criminais e já foi gravemente punido ao passar meses em confinamento solitário na Suíça, enquanto aguardava a extradição para os Estados Unidos. A defesa também alegou que a empresa de Klyushin perdeu contratos multimilionários.

A empresa de tecnologias de informação de Klyushin fornecia serviços para detetar vulnerabilidades em sistemas de computador e tinha entre os seus clientes a administração do Presidente russo, Vladimir Putin, e o Ministério da Defesa, segundo os procuradores.

Um amigo próximo de Klyushin e suposto cúmplice no caso é o oficial militar Ivan Ermakov, que estava entre os 12 russos acusados em 2018 de invadir contas de 'e-mail' de importantes figuras do Partido Democrata norte-americano, incluindo o do responsável pela campanha presidencial de Hillary Clinton, John Podesta.

Ermakov, que trabalhava para a empresa de Klyushin, continua foragido, mas os procuradores norte-americanos não acusaram o proeminente empresário russo de um eventual envolvimento em ações de interferência nas eleições presidenciais de 2016.

Leia Também: Blinken elogia "bom progresso" da contraofensiva. Kremlin desvaloriza

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas