A agitação que se verifica na região de Amhara, na Etiópia, onde forças regionais e o exército estão em confrontação, ocorre nove meses após o fim do conflito na região vizinha do Tigray, que envolveu também milícias desta região da Etiópia, o segundo país mais populoso de África.
No sábado, o Governo informou que as pessoas que estavam a "agravar a crise de segurança" e a "praticar vários atos de destruição" tinham sido detidas, sem, contudo, dar mais pormenores sobre o número de detenções ou quando ocorreram.
Segundo o decreto do estado de emergência na região de Amhara, quem for apanhado a violar a lei pode ser "condenado a uma pena de prisão entre três a 10 anos".
Além disso, este decreto também permite que os suspeitos de violarem a lei podem ser revistados e detidos sem mandado judicial.
O estado de emergência na região etíope de Amhara foi decretado no sábado pelo Conselho de Ministros da Etiópia, depois de as autoridades locais terem pedido ajuda devido à intensificação dos confrontos entre as forças regionais e os militares.
O gabinete do primeiro-ministro etíope anunciou a decisão, depois de o líder da região ter afirmado que as forças policiais regulares já não eram capazes de conter a violência. A declaração deveria ainda ser aprovada pelo Parlamento etíope.
Desde abril que a segunda região mais populosa da Etiópia tem sido dominada pela instabilidade, quando as autoridades federais tomaram medidas para desarmar as forças de segurança de Amhara após o fim da devastadora guerra de dois anos na região vizinha de Tigray.
No ano passado, as autoridades também já tinham tentado desmantelar a milícia informal Amhara conhecida como Fano.
Esta semana, os residentes relataram combates em toda a região de Amhara, com membros das milícias a atacarem unidades do exército e manifestantes a bloquearem estradas.
Os voos para duas cidades turísticas muito populares, Lalibela e Gondar, foram suspensos. O acesso à Internet foi afetado.
O estado de emergência significa restrições à circulação e um aumento dos poderes de detenção.
A Etiópia foi em 2022 o palco do conflito armado mais mortífero em todo o mundo desde o genocídio do Ruanda em 1994, com mais de 104 mil mortes registadas na guerra do Tigray, no norte do país.
A região de Tigray, estado etíope no norte do país, assistiu às mais graves batalhas de guerra em todo o mundo, com mais de 104.000 pessoas mortas entre agosto e novembro de 2022, antes das tréguas assinadas entre o Governo etíope e a Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF).
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