O julgamento do caso de alegada manipulação indevida de documentos classificados por parte do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi marcado para dia 20 de maio, avança a agência Reuters esta sexta-feira, citando uma ordem judicial.
A decisão da juíza distrital Aileen Cannon coloca o julgamento criminal de Trump a menos de seis meses antes das eleições presidenciais de novembro de 2024, nos EUA.
Donald Trump é o atual favorito para a nomeação republicana na corrida.
Segundo a Reuters, numa audiência realizada na terça-feira, os promotores federais que trabalham para o procurador especial dos EUA, Jack Smith, pediram à juíza para agendar o julgamento para dezembro, enquanto os advogados de Trump referiram que não havia necessidade de definir uma data ainda.
O julgamento foi inicialmente agendado para o dia 14 de agosto - uma data a que tanto a defesa quanto a acusação se opuseram, alegando que precisavam de mais tempo para se preparar.
De recordar que, ao sair da Casa Branca, depois de derrotado por Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020, para se instalar na sua luxuosa residência Mar-a-Lago, no Estado da Florida, Trump levou consigo caixas cheias de documentos.
Contudo, uma lei de 1978 obriga todos os presidentes a entregar a totalidade das suas mensagens de correio eletrónico, cartas e outros documentos de trabalho aos Arquivos Nacionais. Uma outra lei, sobre espionagem, interdita de forma geral a posse de comentos classificados como 'confidencial' em locais não autorizados nem seguros.
Em janeiro de 2022, Trump entregou 15 caixas. Depois de ver o seu conteúdo, a polícia federal (FBI, na sigla em Inglês) estimou que ele conservava provavelmente outras tantas.
Em 08 de agosto, agentes do FBI realizaram uma busca, na base de um mandato que mencionava "retenção de documentos classificados" e "entrave a um inquérito federal" e apreenderam cerca de 30 caixas.
Trump, que pretende ser escolhido pelos republicanos para as eleições presidenciais de 2024, declarou-se "perseguido" por uma justiça nas mãos dos democratas.
Para contrariar estas acusações, o secretário da Justiça, Merrick Garland, apontou em novembro um procurador especial, Jack Smith, para dirigir esta investigação e outra, sobre o papel de Trump no assalto ao Capitólio.
Um outro procurador especial investiga, em paralelo, os documentos classificados 'confidencial' encontrados no início do ano em um antigo gabinete e em casa de Biden pelos seus próprios advogados, que os entregaram à justiça.
Por outro lado, Trump foi acusado em abril pelo Estado de Nova Iorque de falsificação de documentos contabilísticos ligados ao pagamento, antes da eleição de 2016, de 150 mil dólares a uma estrela de filmes pornográficos, em troca do seu silêncio sobre uma alegada relação sexual.
Trump está a ser investigado por violação da lei de espionagem, obstrução de justiça e destruição de documentos. Se for condenado, pode enfrentar penas como pagamento de multas, interdição de ocupação de cargos políticos ou até mesmo pena de prisão.
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