Ignorando as decisões da justiça e da Comissão Eleitoral Central, que o destituiu do mandato de presidente da República Srpska (RS), Milorad Dodik continua a exercer e designou um novo primeiro-ministro, cinco dias após a demissão de Radovan Viskovic.
De acordo com um comunicado do seu gabinete, encarregou um quadro do seu partido (SNSD), Savo Minic, o ministro cessante da Agricultura e das Florestas, de formar um novo governo, no contexto de uma grave crise política que abala a Bósnia há meses.
Milorad Dodik, presidente da RS, de 66 anos e que lidera a entidade ininterruptamente desde 2006, tinha anunciado, no início de agosto, que promoveria a realização de um referendo à sua política, que ficou agora marcado para 25 de outubro.
O Parlamento da RS, reunido em Banja Luka (norte), na noite de sexta-feira para hoje, convocou o referendo.
Um tribunal de recurso de Sarajevo confirmou, a 18 de agosto, a decisão formal da Comissão Eleitoral da Bósnia (CIK) de destituir Milorad Dodik do cargo.
O presidente nacionalista e secessionista da RS já tinha sido condenado em fevereiro pelo Tribunal de Estado em Sarajevo a um ano de prisão e seis anos de inelegibilidade.
Separatista pró-russo, Dodik foi destituído do cargo a 01 de agosto pela CIK, devido à sua condenação definitiva pelo Tribunal de Estado por ter promulgado, em julho de 2023, duas leis que proibiam a aplicação no território da entidade sérvia das decisões do alto representante Christian Schmidt, responsável pelo cumprimento do acordo de paz no país, assinado há quase 30 anos.
No referendo agora aprovado, os habitantes da RS serão chamados a responder a várias questões: se aceitam as decisões de Schmidt, os veredictos do Tribunal de Estado e a decisão da Comissão Eleitoral de destituir Milorad Dodik do seu mandato.
Leia Também: Líder sérvio-bósnio Dodik promove governo de "unidade" após ser destituído