De acordo com a agência EFE, desde as primeiras horas da manhã que se erguem colunas de fumo negro da região norte de Cartum, onde se ouvem sons de explosões e de armas antiaéreas numa região onde se situa o Palácio Republicano e outras instituições vitais.
Várias testemunhas avançaram que os caças do exército estão a sobrevoar, desde as primeiras horas da manhã, a zona de Cartum, Bahari e o subúrbio de Kafouri, nos arredores da capital, onde atacaram as posições das RSF, cujos combatentes responderam com fortes disparos antiaéreos.
Num comunicado, o grupo paramilitar acusou o exército de atacar "com caças e artilharia" os seus comícios em Kafouri, "apesar da trégua humanitária", anunciada à meia-noite de segunda-feira, com a mediação dos Estados Unidos, após vários dias de combates intensos que agravaram seriamente a situação humanitária no país africano.
"As forças extremistas golpistas atacaram o acampamento das RSF na zona de Kafouri, com aviões de combate e artilharia (...). As nossas forças enfrentaram os agressores (...), infligindo-lhes pesadas perdas", declarou hoje o grupo paramilitar, no comunicado.
Estes ataques surgem no meio de acusações mútuas do exército sudanês e das RSF de terem aproveitado a trégua para reforçar as suas tropas em Cartum e preparar uma nova ronda de combates.
Os combates estão a ocorrer principalmente nas regiões norte e oeste de Cartum, onde se encontram instituições vitais como o aeroporto internacional, o Palácio Republicano e o quartel-general do Comando Geral das Forças Armadas, mas também nas regiões ocidentais do Sudão, especialmente em Darfur, considerado um feudo das RSF.
Até ao momento, pelo menos 512 pessoas foram mortas e mais de 4.000 ficaram feridas nos combates, que devastaram o sistema de saúde sudanês e obrigaram à deslocação de dezenas de milhares de pessoas.
Entretanto, prosseguem as operações de evacuação a partir do porto de Porto Sudão, no Mar Vermelho, uma das zonas menos afetadas pelo conflito.
A marinha francesa, por exemplo, transportou cerca de 400 estrangeiros do Sudão para a Arábia Saudita, elevando para mais de 900 o número de pessoas transferidas por Paris desde o início da crise, segundo as autoridades francesas.
A fragata Lorraine chegou a Jeddah na quarta-feira, vinda de Porto Sudão, de onde tinha partido na noite anterior, anunciaram os ministérios dos Negócios Estrangeiros e dos Assuntos Militares franceses, numa declaração conjunta.
"Esta nova operação permitiu retirar 398 pessoas do Sudão, entre as quais cinco franceses e cidadãos de mais de 50 nacionalidades, entre os quais americanos, britânicos, canadianos, etíopes, alemães, holandeses, italianos e suecos.
A França retirou um total de 936 pessoas, incluindo 214 cidadãos franceses e os seus dependentes.
Paris tem sublinhado repetidamente a sua disponibilidade para retirar todos os civis que o desejem e não apenas os seus cidadãos ou diplomatas e assegurou, nomeadamente, a retirada dos embaixadores da Alemanha e da Suíça.
O conflito sangrento no Sudão opõe o exército do general Abdel Fattah al-Burhan, o líder de facto do Sudão, e o seu adjunto e rival, o general Mohamed Hamdane Daglo, que comanda as forças paramilitares de apoio rápido (RSF, da sigla em inglês).
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