"Disputa territorial"? Após críticas, governador da Flórida recua
O governador da Florida, Ron DeSantis, recuou quanto à caracterização como "disputa territorial" da guerra da Rússia na Ucrânia, após criticado por colegas republicanos que mostraram preocupação com a descrição do conflito do potencial candidato presidencial em 2024.

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Mundo Ucrânia
Numa entrevista com o jornalista britânico Piers Morgan, emitida hoje, na Fox Nation, o governador explicou que os comentários anteriores faziam referência aos combates em andamento na região leste de Donbass, bem como à tomada da Crimeia pela Rússia em 2014.
"O que me estou a referir é onde a luta está a acontecer agora, que é a região da fronteira leste de Donbass e depois a Crimeia, e tem uma situação em que a Rússia teve isso. Não acho que legitimamente, mas tinham", disse Ron DeSantis, na entrevista.
"Há muitos russos étnicos lá. Então, essa é uma luta difícil, e é a isso que eu me estava a referir, então não é que pensasse que a Rússia tinha direito a isso, eu deveria ter deixado isso mais claro, poderia ter feito isso", adiantou.
O governador da Florida, visto como um dos principais rivais do ex-presidente Donald Trump para a indicação republicana nas eleições de 2024, considerou que defender a Ucrânia não era uma prioridade de segurança nacional para os EUA e minimizou a invasão russa.
Vários senadores republicanos criticaram os comentários, nomeadamente o senador da Florida, Marco Rubio, à rádio Hugh Hewitt, disse que Ron DeSantis "não lida com política externa todos os dias como governador", e que "a política externa tem tudo a ver com nuances".
O senador da Carolina do Sul, Lindsey Graham, disse à Fox News que Ron DeSantis "está basicamente a assumir a posição chinesa quando se trata da invasão da Rússia".
Os senadores republicanos da Virgínia Ocidental, Shelley Moore Capito, do Texas, John Cornyn, e do Mississípi, Roger Wicker, disseram que discordavam do enquadramento de Ron DeSantis.
Na entrevista com Piers Morgan, Ron DeSantis procurou endurecer a sua posição em relação à Rússia, chamando o presidente russo, Vladimir Putin, de "criminoso de guerra" e argumentando que os seus comentários sobre "disputa territorial" foram incorretamente interpretados.
"Acho que foi mal caracterizado", disse na entrevista, frisando: "Obviamente, a Rússia invadiu - isso foi errado. Invadiram a Crimeia e tomaram-na em 2014 - isso foi errado."
Questionado pelo The Atlantic sobre os comentários iniciais de Ron DeSantis, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, sugeriu que a falha em agir sobre a agressão da Rússia no seu país poderia levar os EUA a um conflito se incursões também fossem feitas em países membros da NATO.
"Quando vão eles ocupar países da NATO, e também estar nas fronteiras da Polónia e talvez lutarem com a Polónia, a pergunta é: Vai enviar todos os seus soldados com armas, todos os seus pilotos, todos os seus navios? Vai enviar tanques e carros blindados com jovens? Vai fazer isso?", afirmou o presidente ucraniano, respondendo: "Porque se não fizer isso, não terá NATO".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia foi justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.
A generalidade da comunidade internacional condenou a ofensiva e tem respondido com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.317 civis mortos e 13.892 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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